Presidente da Defenda PM critica a situação da corporação no estado

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Lucy Tamborino

Salários incompatíveis com a profissão e déficit de material humano. É assim que o presidente da Associação dos Oficiais Militares do Estado de São Paulo em Defesa da Polícia Militar (Defenda-PM), coronel da Reserva Elias Miler, define a situação da corporação no estado.

O salário é o 15º de todo país, o que não condiz com o status de um dos estados mais ricos do Brasil. “Nós atendemos milhões de chamadas ao ano e não temos um salário digno. Ao longo dos 24 anos de governo do PSDB, os governadores foram definhando o salário dos profissionais”, criticou.

Com o cargo mais elevado na PM, Miler atua há 43 anos na corporação e sua remuneração, porém, não é equivalente. “Eu sou coronel e ganho menos que um capitão da PM de Goiás ou que um segundo tenente de Santa Catarina”, diz. A hierarquia na PM se inicia em cadente e aspirante, seguindo para segundo tenente, primeiro tenente, capitão, major, tenente coronel e, por último, coronel.

Esse cenário gera um problema ainda maior para a corporação. “Se eu tenho uma carreira que paga mal e não tem aumento progressivo o quadro será de profissionais desqualificados. E mesmo que bons profissionais entrem, vão acabar desistindo”, argumentou.

Além disso, Miler aponta que há apenas 80 mil policias militares atuando no Estado de São Paulo, quando deveriam ser 96 mil, conforme previsto na lei. Já na Polícia Civil são no máximo 23 mil profissionais em serviço, ante a 38 mil conforme a legislação.

O déficit está em uma conta que não fecha: entre a formação na academia e os profissionais que se aposentam. “Por ano se aposentam em torno de quatro mil PMs, e as academias têm uma formação máxima de seis mil, sendo que para soldado a formação é de um ano e para oficial três”, expõe.  

Outro ponto é o atraso tecnológico em relação a estados como Santa Catarina, Paraná, Tocantins. Lá o atendimento de ocorrências de menor potencial é realizado apenas com um tablet e uma impressora térmica, com isso o infrator se responsabiliza em comparecer a uma audiência posteriormente. “Em São Paulo, por exemplo, se você bate o carro o atendimento demora em torno de 10 horas. Precisa chamar a Polícia Militar, depois a perícia e ir até uma delegacia”, analisou. “Um kit como usado em outros estados custa R$ 5 mil e em 7 minutos você resolve casos como esse”, defendeu.

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