Coluna Livre com Hermano Henning

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Uma nota perdida no caderno de economia de um jornal paulistano deu ontem o triste anúncio da morte de mais um jornal impresso. No dia anterior, o velho companheiro dos idos tempos do Guaru News, Carlos Barbosa, já havia me alertado pelo WhatsApp. O DCI morreu. Veio com o comentário: A tecnologia mais uma vez venceu.

— Nem o jornal dos capitalistas e empresários resistiu ao avanço da internet.

O DCI é o Diário do Comércio e Indústria, concorrente do Valor Econômico dos grupos Folhas e Globo.

Bem mais antigo, o DCI, todas as manhãs, era o produto mais encontrado na mesa de trabalho dos economistas, empresários, executivos e, até hoje, reconhecido como uma das principais fontes de informação desse pessoal há oitenta e cinco anos. Foi fundado em 1934.

Só que não foi apenas a edição impressa que capitulou. O site da publicação também será desativado, informou o diretor executivo da empresa Raphael Muller.   

A nota fúnebre (O Estado de S. Paulo foi o que deu maior destaque) diz que o jornal especializado em economia circula com sua derradeira edição no próximo dia 23. Segunda-feira.

O jornal, comprado pelo ex-senador e ex-governador Orestes Quércia, foi assumido pela família, quando ele morreu. O grupo Sol Panamby, dos Quércia, também dono do Octavio Café e de emissoras de rádio (tem também uma TV em Campinas) comunicou a decisão aos funcionários na segunda-feira passada.

Estrutura enxuta

O DCI funcionava com estrutura enxuta desde dezembro do ano passado, destaca a matéria do Estadão. Há um ano foi despedida metade de sua redação. Mas resistia com tiragem de onze mil exemplares diários com circulação de segunda a sexta-feira. Atualmente mantinha 12 jornalistas e 17 funcionários. E, é claro, serão todos despedidos.

O Sindicato dos Jornalistas se manifesta, lamenta, mas não há o que fazer. Já aconteceu com a Gazeta Mercantil, da família Levy, vocês se lembram? É a crise.

Crise e sinal dos tempos, eu diria. Mas não apenas isso. O Valor Econômico último dos Moicanos da imprensa especializada também está em perigo. Logo teremos mais notícias do tipo. É fatal.

Uma decisão política do presidente Jair Bolsonaro apressou o passo. Em agosto passado ele abriu o jogo ao criticar os jornais, todos eles, que, considera o presidente, agem na oposição ao seu governo. E não escondeu seu objetivo.

A medida provisória enviada ao Congresso, desobrigando as empresas de publicarem seus balanços nos veículos impressos, deu o empurrão que faltava.

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