Ladies First: adolescente morta completaria 15 anos uma semana após a tragédia

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Lucy Tamborino

“É uma ferida que vai ficar para o resto da vida e não cicatriza nunca. Falta um pedaço da gente na minha casa”, lamentou Jair Pereira, 56, pai de Daniele Rodrigues Pereira, morta aos 14 anos na tragédia “Ladies First”. O caso aconteceu no dia 28 de agosto de 2004 quando o mezanino de um galpão na avenida Paulo Faccini caiu. Além da adolescente, morreram seis pessoas e mais de 80 ficaram feridas. A tragédia ocorreu na gestão do prefeito Elói Pietá (PT).

Daniele, carinhosamente chamada de Dani, completaria 15 anos no dia quatro de setembro do mesmo ano e 30 anos daqui a algumas semanas. “Não era para ter acontecido assim, minha filha não tinha vivido os sonhos dela e a gente estava preparando tudo para festa que seria dias depois”, contou Pereira.

A irmã da adolescente, Michele Rodrigues de Paula, 33, ainda faz aniversário um dia depois da jovem. “Nós temos quatro anos de diferença, éramos muito próximas. Fazíamos nossos aniversários juntas. Agora o dia não é completo, não tem como comemorar de verdade”, disse.

Os responsáveis pelo evento, mesmo condenados, não cumpriram a pena devido à morosidade da justiça brasileira, que acabou prescrevendo. “Eu só quero justiça, que não seja justiça do homem, mas que seja a de Deus. Eu quero que eles paguem pelo que fizeram, porque foi sim uma ganância“, afirmou Pereira.

Ainda entre os mortos estão Cinthya de Almeida Santos, 19, sobrinha de uma dupla sertaneja que cantaria no local – o processo movido encontra-se em fase de conhecimento e Nathalia Mendes Fortuna, 20; em que o processo se encontra remetido a 2ª Vara da Fazenda Pública de Guarulhos, sendo a condenação indenização de R$ 568 mil. Os representantes de Luana Cristina Perez, 23; Valmir Teles da Silva Araújo, 19 e Carlos Ailton Belusci da Conceição, 25, além dos óbitos lidam com processos sem execução.

Segundo apurações feitas na época, o evento era completamente clandestino – o prédio não tinha licença da prefeitura nem para ser construído, muito menos para funcionar. O imóvel onde ocorreu o acidente era uma espécie de galpão de cerca de 350 m² e mais de seis metros de altura. O mezanino caiu em forma de V, lançando cerca de 17 toneladas de concreto e ferro sobre os que dançavam no térreo.

Imagem: Arquivo Pessoal

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