Ladies First: 15 anos depois da tragédia famílias ainda aguardam indenização

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Da Redação

Quinze anos após a tragédia da festa “Ladies First” as famílias ainda aguardam receber os valores da indenização. O caso aconteceu no dia 28 de agosto de 2004 quando o mezanino de um galpão na avenida Paulo Faccini caiu. Na ocasião, morreram seis pessoas e mais de 80 ficaram feridas. A tragédia ocorreu na gestão do prefeito Elói Pietá (PT).

Segundo o advogado criminalista Cristiano Medina, que atuou como assistente de acusação tanto na esfera criminal quanto cível, alguns casos estão em fase de execução e outros ainda não foram julgados. No entanto, o que gera mais indignação nas famílias é o fato de que os responsáveis pelo evento, mesmo condenados, não cumpriram a pena devido a morosidade da justiça brasileira, que acabou prescrevendo. “Demorou muito tempo no Tribunal de Justiça e acabou que prescreveu e eles não cumpriram a pena, só os organizadores que chegaram a cumprir uma parte da pena”, explicou Medina.

Outro aspecto que gera revolta é o caso de a prefeitura, mesmo condenada, recorrer até a última instância. “E ainda não fazem nenhum plano para o pagamento desse valor, levando a crer que acabará sendo encaminhado para precatório”, destacou.

Medina acredita, ainda, que se a Justiça tivesse sido mais rígida casos como o da Boate Kiss, no Rio Grande do Sul, e do centro de treinamento do Flamengo, no Rio de Janeiro, poderiam ser evitados. “Eu provei desde o primeiro momento que não era homicídio culposo por conta do dolo eventual. O bombeiro que estava no local percebeu que caía poeira do teto e pediu o fim do evento, sendo ignorado pelos organizadores. Se eles tivessem seguido esta linha não teria prescrito e todos teriam respondido e ido a júri popular. O MP adotou a postura mais branda”, criticou.

O caso

Segundo apurações feitas na época, o evento era completamente clandestino – o prédio não tinha licença da prefeitura nem para ser construído, muito menos para funcionar. Havia cerca de mil pessoas no local, segundo relato de sobreviventes. A maior parte do público era de estudantes, pois os convites foram vendidos durante a semana em bares vizinhos a universidades, segundo indicações do panfleto de promoção do evento.

O imóvel onde ocorreu o acidente era uma espécie de galpão de cerca de 350 m2 e mais de seis metros de altura. O pé-direito foi aproveitado para a construção de um mezanino sobre todo o andar térreo. Foi ele que desabou. O mezanino caiu em forma de V, lançando cerca de 17 toneladas de concreto e ferro sobre os que dançavam no térreo. Lá estavam os seis jovens que morreram – com idades entre 14 e 25 anos. Eles sofreram traumatismos diversos.

O evento teria sido organizado por Heric Fabiano Dias e divulgado por Claudio Perereca. Já a obra do prédio foi registrada na Prefeitura de Guarulhos em nome de Wilson Gonçalves, um comerciante conhecido como Wilson Gaivota, proprietário de casas de bingo na cidade na época.

Imagem: Divulgação

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