A abstinência e a paixão pela bola

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Luiz Gerardi

Vamos começar o ano falando daquilo que nos une, que faz a gente ficar dando F5 no computador a cada meia-hora na esperança de uma nova notícia sobre o clube do coração, faz a gente colar o ouvido no rádio esperando uma nova contratação ou a dispensa daquele jogador que a torcida já não tolerava mais. Vamos falar da paixão pelo futebol.

Nesse período de abstinência de jogos, que dura entre o começo de dezembro e vai até o meio de janeiro, o torcedor se vira como pode para ficar informado. Até um fracasso do rival em alguma contratação é motivo de alegria.

Essa abstinência somada à chance de ver um grande time brasileiro jogando próximo de casa são as fórmulas para o sucesso da Copa São Paulo de Júniores, que tinha tudo para dar errado, mas continua chamando atenção do torcedor.

Disputada por 128 equipes sub-20, muitas delas nem consideradas amadoras poderiam, debaixo de muita chuva, em estádios acanhados e sem alguns dos principais jogadores, já promovidos aos elencos profissionais, a Copinha preenche um vazio do calendário do futebol e acaba tendo mais relevância do que o Brasileirão da categoria. Alguém sabe quantas vezes seu clube do coração foi campeão Brasileiro Sub-20? E quantos títulos da Copinha ele tem?

Sem uma fórmula definida para “abrigar” tantas equipes, a Copa São Paulo ainda se vale de convites, uma fórmula antiga de fazer política e agradar o máximo de clubes possíveis. Para ser justo, o torneio poderia contar com os 100 clubes das Séries A, B, C e D do Brasileiro e mais os times das cidades sedes.

Mas o que vemos são equipes como Timón, Olímpico, Dimensão Saúde, Visão Celeste, Galvez, Retrô, Vilhenense, Petrolina, Carajás, União ABC, Capital, Cena, Socorro, Palmeira e Canaã, dentre outras, uma lista de desconhecidos para dar inveja a qualquer expert em futebol.

Devido à distância e as dificuldades financeiras, para muitos desses, chegar até a sede da Copinha é a primeira vitória. E não para por ai.

Muitos clubes conhecidos por disputar a Bezinha do paulista, como o Manthiqueira, União Suzano, União Mogi e o nosso Guarulhos, insistem em participar do torneio sem ter a mínima condição de disputar uma partida de igual para igual com equipes medianas como o Santa Cruz, ABC ou São Raimundo, e o resultado são goleadas e saldos negativos que em nada engrandecem o papel desses clubes.

A copinha poderia ser uma preparação para a equipe que vai disputar a Série B do Paulistão, mas ver jogadores de 15 anos disputando um torneio sub-20 não é motivo de orgulho para ninguém, talvez somente para os pais e os próprios meninos, atitudes como essa só escancaram a falta de estrutura e planejamento. Queimar etapas pode ainda prejudicar o futuro desses garotos.

A paixão é o que move o futebol, mas do alambrado para fora. Dentro de campo o profissionalismo é o dono da bola faz algum tempo. A tarefa não é simples, mas que possamos aprender com nossos erros e que o futebol guarulhense tenha um 2020 para orgulhar os moradores da cidade e, quem sabe, despertar a paixão deles pelos clubes da cidade.

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