Trabalhos artísticos produzidos por presos da Penitenciária José Parada Neto, de Guarulhos, são expostos na Unifesp

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Da Redação

Os milhares de quilômetros que separam o Brasil da África foram encurtados durante a exposição “Africanidades – a beleza da África”, ocorrida na semana passada na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) – campus de Guarulhos. A ação abrigou diversas produções artísticas realizadas por presos do regime fechado da Penitenciária I “José Parada Neto”, de Guarulhos, e contou com mesa redonda sobre o tema.

Os trabalhos foram produzidos pelos reeducandos durante um semestre letivo do programa Educação de Jovens e Adultos (EJA), coordenado por professores da Escola Estadual Francisco Antunes Filho. Durante os seis meses de aulas, eles tiveram a oportunidade de conhecer o que os livros de história não contam sobre a cultura do continente africano.

Presente ao evento da Unifesp, a professora da rede estadual que ministra aulas na unidade prisional, Tamyres Siqueira, fez um relato sobre o desenvolvimento do projeto em sala de aula. Segundo ela, desde o início, foram enfrentadas algumas barreiras ao explicarem pontos importantes da história do continente, como as religiões de matrizes africanas e o papel central da mulher na sociedade, por exemplo.

“O trabalho foi feito com base em muita pesquisa e conversa para que entendêssemos os pensamentos e os pré-conceitos dos presos, e até de alguns professores, sobre os temas abordados. Muitos não sabiam que a África é composta por diversos países, outros só conheciam a história dos africanos na situação de escravos. Foi a oportunidade de mostrarmos a riqueza desses povos”, explicou a educadora.

No início e no fim do semestre, os professores fizeram uma pesquisa com os reeducandos perguntando qual a raça que se autodeclaravam. De acordo com Tamyres, a maioria se identificou como pardo ou branco, poucos como negros. Com o término das aulas, a pesquisa foi repetida e o número de reeducandos que se identificaram como negros, desta vez, aumentou, e quando perguntados sobre o motivo, alguns disseram não conhecer a história do povo negro e a possibilidade de descenderem de povos africanos.

Aproximação da sociedade

O Diretor Geral da Penitenciária I “José Parada Neto”, de Guarulhos, André Luiz Alves, também esteve presente no evento e parabenizou o empenho dos educadores, que se engajam em oferecer conteúdos de qualidade aos reeducandos que resultam em trabalhos como o exposto na Unifesp Guarulhos. Alves participou da roda de conversa “Relações Étnico-Raciais na EJA do Sistema Prisional” com Tamyres e a Professora Marina Pereira de Melo, docente da Unifesp. Ele aproveitou para agradecer o apoio do corpo docente da universidade, que abriu o espaço para que a exposição acontecesse.

A Professora Doutora Mariângela Graciano, docente do curso de Pedagogia da Unifesp de Guarulhos, coordenou a exposição “Africanidades – a beleza da África”. Para ela é importante trazer esses trabalhos para fora da unidade prisional como parte da responsabilidade das universidades públicas de estarem cada vez mais próximas da sociedade, divulgando pesquisas e abrindo seu espaço de conhecimento a todos.

Imagens: Divulgação

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