Lucy Tamborino
A Comissão Especial de Inquérito (CEI) que apura o suposto desvio de quase R$ 5 bilhões das contas do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Guarulhos recebeu nesta quarta-feira (14) o superintendente da autarquia, Ibraim Faouzi El Kadi.
Embora ele tenha ratificado o cálculo que aponta um suposto sumiço do valor, afirmou que não pode confirmar de fato o desvio. “Não posso fazer essa afirmação porque eu não tenho provas. Não posso ser leviano”, pontuou.
Segundo ele, a investigação seria referente a uma conta de cerca de R$ 40 milhões que não fecha entre o Saae e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e o lucro restante. De forma resumida, ele afirmou novamente o cálculo que foi vazado em um áudio a imprensa em setembro. Segundo ele, o Saae gasta R$ 16 milhões para se manter funcionando, paga R$ 18 milhões para a Sabesp e ainda sobram R$ 7 milhões todo o mês, dessa forma existem irregularidades nas contas passadas. De acordo com o superintendente, há indícios de que R$ 25 milhões foram desviados dos cofres da autarquia mensalmente.
O questionamento central é onde estaria investido o lucro, já que as obras realizadas pela autarquia até agora foram pagas com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Apesar disso, o superintendente admite a possibilidade de o valor ter sido investido em obras, mas até que se prove a destinação dos recursos será necessária uma investigação interna para apurar os fatos.
O atual presidente da Proguaru, Francisco Carone, que foi superintendente do Saae entre janeiro de 2017 e junho de 2018, durante a gestão do prefeito Guti, também foi ouvido pela CEI. “Quando chegamos, fazia mais de dois anos que não pagavam a Sabesp e chamou a nossa atenção um déficit de R$2,9 bilhões”, declarou. Para Carone, as contas não batem. “Se pagamos a água, os precatórios e ainda conseguimos um superávit, então por que a gestão anterior não pagava a água, nem os precatórios e continuava em déficit?”, questionou.
Outros assuntos também foram tratados no encontro como, a prescrição de dívidas de devedores da autarquia, a judicialização dos 100 maiores devedores e o desconto de até 40% para empresas, autorizado por decreto e mediante a elaboração de laudo.
Os próximos passos da comissão dependem da resposta do requerimento a ser encaminhado. “Na realidade são alguns questionamentos que vereadores fizeram, sobre a questão das dívidas, das prescrições, a vereadora Genilda Bernardes (PT) queria saber quem eram os participantes no dia da reunião que foi gravado o áudio. Nós fizemos o encaminhamento para que esses documentos possam retornar para nós e possamos esclarecer as dúvidas”, explicou o vereador Professor Jesus (DEM) que preside a comissão.