Lucy Tamborino
Guarulhos apresenta um déficit de 26% no quadro de policiais civis, representando cerca de 200 profissionais a menos do que previsto em lei. Os dados fazem parte do levantamento realizado em dezembro pelo Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp). A entidade ainda aponta que o número pode ser ainda maior, já que, aposentadorias e exonerações, desde janeiro, não foram contabilizados.
Ao todo são 558 policiais civis atuando no município, quando o previsto em lei seriam 755, de acordo com dados do sindicato. Dos sete cargos previstos, apenas em duas funções a cidade possui profissionais a mais do que o previsto em lei: papilocopista e seu auxiliar. No restante a falta de material humano é uma realidade.
A cidade possui pouco mais da metade do que o recomendado de agente policial. São 95 no total quando o correto seriam 170. Escrivão ainda está entre os cargos que mais carecem de profissionais com 129 deles, quando deveriam ser 220. Delegado, investigador e a agente de telecomunicações são outros três cargos que somam ao déficit, apesar de não estarem no mesmo patamar que os outros dois.
Já em todo Estado de São Paulo faltam 14.235 profissionais, de um total de 41.912 cargos existentes. Um déficit de 34% no efetivo. De acordo como Sindpesp, o cenário é inaceitável e só piorou nos últimos 20 anos. O que, de acordo com o sindicato, é uma prova inquestionável da insensibilidade em relação à segurança da população e à valorização do policial civil.
Ainda de acordo Sindpesp, o déficit aponta para uma realidade em quase todas as unidades do estado, sobretudo no interior, o sobreaviso é praticamente permanente. Com isso, delegados respondem por três ou quatro delegacias, escrivães acumulam mais de mil inquéritos cada um e investigadores têm pouquíssimo recurso para exercer suas funções.
SSP
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado afirmou que a atual gestão investe na valorização e ampliação do efetivo policial em todo o estado. Estão em andamento concursos para a contratação de mais de 2.750 policiais civis, entre delegados, investigadores, escrivães e agentes policiais. Já foi autorizada também a abertura de um novo certame para a contratação de 2.750 policiais civis, a partir do próximo ano. Em relação ao déficit, o dado apontado pelo sindicato leva em consideração postos de trabalho já extintos e não contabiliza a requalificação de mais de dois mil carcereiros que passaram a ser agentes policiais, em razão da lei sancionada pelo governador em março.
Quanto à infraestrutura, 120 delegacias serão reformadas neste ano em parceria com a iniciativa privada. As obras deverão ser concluídas em janeiro de 2020. A previsão é que a partir do primeiro semestre do ano que vem outras unidades de polícia judiciária sejam reformadas.
Imagem: Lucy Tamborino