Rodrigo Santoro se sentiu como um pássaro em seu mais novo trabalho, a
narração da série documental Sobrevoando, que chega junto com o Disney+.
A produção do National Geographic tem oito episódios que exploram quatro países
da América Latina com imagens de cima. “A visão aérea é fabulosa. É uma
forma de colocar as coisas em perspectiva metaforicamente”, disse o ator
em entrevista ao Estadão, via conferência virtual. “Ela não só
promove uma sensação de liberdade, mas oferece um ponto de vista diferenciado,
como de um pássaro. É um ponto de vista de alguém que está cuidando, alguém que
vigia, que cuida, que sobrevoa e que não interfere. Que observa com
distanciamento e, ao mesmo tempo, perto o suficiente para poder apreciar
aquilo.”
As mais de 160 horas de imagens foram captadas por drones em quatro países –
Argentina, México, Peru e República Dominicana – focando em oito regiões e 30
cidades. Entre as atrações estão preciosidades históricas, culturais, da
geografia, da fauna e da flora, como as pirâmides maias e os cenotes de
Yucatán, a procissão do Señor de los Milagros em Lima, as ruínas de Machu
Picchu, a trilha de Colombo em Santo Domingo e as baleias de Puerto Madryn. O
Brasil ficou de fora da primeira temporada, mas, segundo Fernando Semenzato,
líder de desenvolvimento e de produção para National Geographic e Nat Geo Kids
da América Latina, temporadas futuras devem retratar o País. “Há 130 anos
que National Geographic tem como objetivo chegar aonde nunca ninguém chegou, ou
seja, contar histórias que não foram contadas Sobrevoando mostra cidades e
lugares que talvez conhecêssemos, mas de uma maneira diferente, de cima”,
disse Semenzato.
Santoro espera, como artista e cidadão, que a série ajude as pessoas a entender
que tudo é nossa casa. “E que preservar a biodiversidade não é moda, mas,
sim, respeito por todos os mecanismos que favorecem nossa existência”,
disse. “As intenções são importantes, mas mais importantes ainda são as ações.
E eu acho que essa série é um convite ao espectador a se enamorar dessas
paisagens, desses lugares, dessas riquezas naturais, culturais, históricas,
desses povos nativos, da sabedoria que eles carregam, toda a ancestralidade que
está aí na natureza, a importância disso.” Para ele, a preservação vem da
admiração. E, nesse caso, a perspectiva aérea também ajuda. “O ponto de
vista nos coloca no nosso lugar, nos mostra o tamanho que temos.”
O ator é um apaixonado pela natureza, como se pode notar. E ele tem esperança
de que mais pessoas estejam vendo a importância de defendê-la. “Está se
falando mais sobre o assunto. Pelo menos discutindo, a gente começa a ver. Mas
as ações são fundamentais. É preciso que a economia abrace isso”, afirmou.
“É necessário ser uma forma de olhar com respeito e com seriedade mesmo
para a questão. Não pode ser uma coisa dos que preservam a natureza. Preservar
a natureza não deveria ser uma coisa de alguns, de filosofia. É uma questão de
sobrevivência mesmo. Se você preserva seu meio, está preservando a sua vida, a
sua sobrevivência nesse lugar, o futuro, está dando condições para o hábitat. A
Terra está aqui há tempos, a gente chegou muito depois. Não faria mal ter um
pouco de humildade com tudo o que estava aqui antes, essas informações todas
que estão na natureza ” Santoro acha que é muito fácil observar isso:
basta ver um dos muitos programas do National Geographic. “Você assiste e
pensa como a natureza é perfeita. E é, se a gente não estragar.”
A série vem num momento em que esses lugares não podem ser visitados ao vivo,
por conta da pandemia. Para Rodrigo Santoro, é um momento de transformação.
“Uma das coisas que aprendemos, ou deveríamos ter aprendido, é que vivemos
uma falsa sensação de individualismo. Nossas escolhas, por menores que sejam,
influenciam a vida de todo o mundo. Estamos aqui, agora, presenciando
exatamente isso: o que a gente faz impacta a vida de todo o mundo. Isso é, na
verdade, uma metáfora para uma série de coisas, para a preservação do meio
ambiente, obviamente, mas também vários outros níveis”, completou.
Sobrevoando é um alento em tempos tão difíceis. “As imagens nos fazem
refletir sobre tanta beleza e tanta riqueza, mesmo sabendo que há tantos
problemas sociais, econômicos, políticos. Mas, ao mesmo tempo, temos uma
potência natural, histórica e cultural na América Latina. É, no mínimo, um
convite à reflexão.”
Série ‘Sobrevoando’ mostra belezas naturais da América Latina
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