Saberes em Casa destaca a importância do desenvolvimento da autonomia na educação inclusiva

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Muitos foram os desafios percorridos pela educação com a pandemia do novo coronavírus. Tanto para os educandos e suas famílias quanto para os educadores, que precisaram se reinventar durante esse período. Para os professores do Atendimento Educacional Especializado não foi diferente. Com a iniciativa da Prefeitura de Guarulhos, por meio da Secretaria de Educação, a criação do Programa Saberes em Casa apresentou diversas propostas educativas que possibilitam o desenvolvimento da autonomia dos educandos com deficiência, assim como a importância do apoio das famílias nesse processo de ensino e aprendizagem remoto.

O trabalho desenvolvido pela equipe de Diversidade e Inclusão Educacional com os professores no Atendimento Educacional Especializado (AEE), do Professor Referência de Apoio à Inclusão e dos estagiários do Projeto na Diferença se Faz e Aprende da Rede Municipal, colaborou para o desenvolvimento da educação inclusiva, que tem como foco a garantia de direitos de todos educandos. Foram acompanhadas cerca de 2.030 famílias ao longo desse ano, que tiveram como ponto principal o acolhimento, compreendendo as dificuldades enfrentadas pelas famílias e buscando dar apoio mesmo com o distanciamento físico.

Desde o mês de maio, o Programa Saberes em Casa, por meio do quadro Desenvolvimento da Autonomia, contribui nas propostas de atividades dos professores do AEE e estagiários, trazendo muitas ideias e inspirações para as famílias dos educandos. As propostas apresentadas sobre diversidade e inclusão, veiculadas na TV, YouTube e no Portal da Educação – SE Informe, eram elaboradas pela equipe pedagógica e contaram com a participação da chefe de Políticas para Diversidade e Inclusão Educacional, Patrícia de Silva Matildes, e seu filho Augusto André Matildes Alves, aluno da EPG Siqueira Bueno, compartilhando suas vivências com os familiares, tanto as conquistas como também as dificuldades.

As atividades propostas foram desenvolvidas com pequenas e gradativas mudanças para que as crianças pudessem adquirir confiança e independência nas ações do dia a dia. “Foi a partir do que já acontece nas escolas que pensamos esse trabalho voltado para as crianças com deficiência desde o momento em que a criança chega à escola e tem no estagiário aquele que a acompanha em diversos momentos, como levar ao banheiro, até a hora de se alimentar, entre outras tarefas da rotina escolar que os professores percebem quais as dificuldades da vida diária desses educandos”, explica Matildes.

Desenvolvimento da Autonomia

O quadro Desenvolvimento da Autonomia tem como objetivo ampliar o repertório de habilidades que a criança necessita desenvolver como base para outras aprendizagens, ajudando-a a refletir sobre o contato visual e suas reações, situações nas quais ela tem dificuldade de sentar, de esperar, entre outros exemplos de aprendizagem. Ou seja, apresentar soluções na prática frente as barreiras enfrentadas pelas crianças nesse período que estão em casa, e como a equipe pedagógica pode colaborar para que esse ambiente propicie maior autonomia para esses estudantes. Os vídeos são voltados às atividades de vida diária da criança com autismo ou deficiência intelectual, analisando o que ela já sabe fazer, se já sabe se trocar, preparar um alimento, se consegue comer com garfo e faca, escovar os dentes, ou ir ao banheiro sozinha, pois a maioria delas não possui total autonomia.

Atividades da vida diária (ADVs)

As atividades de vida diária (ADVs) são importantes para todas as crianças e favorecem a aprendizagem dos saberes escolares. Para a rotina escolar da criança, como pegar um lápis e escrever ou amarrar um tênis, é necessário esse repertório. Parar, sentar, ter contato visual, fazer imitação são modelos de repertórios importantes para o processo da alfabetização, um pré-requisito básico para autonomia de crianças com transtorno de espectro autista/TEA.

Patrícia destaca que o fato ter um filho com quadro de TEA favoreceu essa experiência na prática, utilizando um quadro de rotinas e mostrando o dia a dia da criança com deficiência. A partir desta proposta, em diversos episódios do programa Saberes em Casa foram apresentados vídeos explicativos com o objetivo de desenvolver a autonomia da criança, como fazer com que a criança nomeie os diversos tipos de alimentos, ir ao mercado, entre outras atividades. A própria atividade desenvolve a coordenação motora, concentração, contato visual, estabelecendo as instruções necessárias, entre outras abordagens.

Família e escola

Os pais têm um papel fundamental nesse processo de desenvolvimento e aprendizagem, pois também são educadores juntamente o professor da sala regular e os profissionais da Rede de Apoio à Inclusão, que fazem o acompanhamento do educando. A equipe de profissionais sempre reforça a importância dos pais nesse processo. É importante que compreendam que não é indicado que a criança fique muito tempo na TV ou no celular; assim, diversificar as atividades é fundamental para o seu desenvolvimento integral e favorecerá quando ocorrer o retorno à escola de forma presencial.

As propostas apresentadas pelo Programa Saberes em Casa tiveram como proposta essa participação ativa: de interação no ambiente em que o aluno vive, fazer com que mães/pais e filhos entendam que o que se faz em casa tem continuidade em sala de aula. Sendo assim, as crianças por meio desse vínculo se sentirão mais seguras e se estruturarão melhor.

É a família e a escola, todos no mesmo caminho, falando a mesma língua. “Tem sido bem significativo esse trabalho, pois os pais têm despertado para a importância nessa compreensão, ou seja, que também são educadores, e antes mesmo que eles queiram que seus filhos saibam ler e escrever, é importante que a autonomia seja construída em casa e que se estenda para a vida do educando como um todo. A educação em parceria escola-família é a base de tudo” reforça a chefe de Diversidade e Inclusão Educacional, Patrícia Matildes.

Os professores mantiveram contato com as famílias e os pais enviaram vídeos que apresentaram os progressos de seus filhos em relação às ADVs e também a outros aspectos do comportamento da criança. Sempre com foco no desenvolvimento dos educandos, a professora do Atendimento Educacional Especializado, Izani Rodrigues Nunes, falou como foram os atendimentos durante essa pandemia. “Todos os dias eu assistia à programação e avaliava o que poderia colocar no grupo do WhatsApp como sugestão de atividades, de forma que atingissem todos os educandos que eu estava acompanhando, pois as propostas deveriam ser lúdicas, de fácil compreensão para os pais e significativas para as crianças. Os pais eram incentivados a desenvolver essas propostas com seus filhos, levando-os sempre a acreditar no seu potencial. Tivemos um excelente retorno dessas propostas por um grande número de famílias”.

Avanços e conquistas

Uma forma de contemplar alguns desses brilhantes resultados em parceria com as famílias foi a criação do grupo no Facebook “Nossas Conquistas”, feito pela professora Izani, que realiza o acompanhamento dos educandos das EPGs Chico Mendes, Pixinguinha e Gonzaguinha juntamente com as estagiárias Maria da Glória Soares, Amanda Carvalho Victor e Janaína de Oliveira Silva. A professora ressalta o apoio da Secretaria de Educação por meio das orientações pedagógicas “O Grupo de Escuta com as Psicólogas e as reuniões da divisão de forma acolhedora e amorosa mostraram o tempo todo muito parceira, valorizando demais o nosso trabalho, e sempre estiveram disponíveis para nos atender e ouvir. Acredito que foi um período que mais estiveram próximas de nós, mesmo a distância. Nunca me senti fazendo um trabalho sem direcionamento, pois sabia que tinham pessoas ali com as quais eu poderia contar”.

“Todo o trabalho desenvolvido foi de grande aprendizado para nós estagiárias. Poder ver esses objetivos concretizados foi muito bom, além de ver como cada criança evoluiu e participar desse processo juntos”, contou Janaína de Oliveira Silva. Para a estagiária Maria da Glória os desafios foram uma grande experiência. “Mesmo com a distância, para minha formação foi muito importante e vou buscar conhecer mais ainda os educandos com deficiência, porque eu quero trabalhar nessa área”.

A mãe, Thaís Evangelista dos Santos, agradeceu a parceria da professora Izani e da estagiária Amanda com o seu filho ao longo desses meses. A equipe acompanhou o aluno Guilherme Evangelista dos Santos, com transtorno do espectro autista. “Nesse ano o Guilherme aprendeu qual a idade de aniversário completou. Hoje ele responde que tem dez anos e também mostra com as mãos. Antes, não conseguia apagar as velinhas do bolo e agora consegue. Durante esses meses de pandemia, com as atividades remotas feitas com as crianças, foram perceptíveis os grandes avanços e conquistas: ele aprendeu a ler, as atividades de vida diária, me ajudou nas tarefas de casa, como arrumar a cama, mesmo com os barulhos que costumam desviar sua atenção”, comemora a mãe de Guilherme.

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