Quase R$ 5 bilhões podem ter desaparecido dos cofres do Saae durante gestão anterior

Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Guarulhos. Jornal Folha Metropolitana
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Da Redação

Um total de R$ 4,8 bilhões podem ter desaparecido dos cofres do Serviço Autônomo de Água e Esgotos (Saae) de Guarulhos entre os anos de 2001 e 2016. No período a cidade estava sob a gestão petista dos ex-prefeitos Elói Pietá (PT) e Sebastião Almeida (agora no PDT).

A informação veio à tona após um funcionário gravar uma reunião do superintendente da autarquia, Ibrahim Faouzi El Kadi. Apenas parte do áudio foi vazada à imprensa, onde uma projeção foi apresentada por ele gerando esse valor exorbitante.

Kadi explica que mensalmente o Saae paga R$ 18 milhões à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), outros R$ 16 milhões são gastos com a operação do Saae e sobram R$ 7 milhões para investimentos. Segundo ele, as antigas gestões não pagaram nada a Sabesp e ainda assim não sobrou dinheiro. “Uma conta primária de R$ 18 milhões mais R$ 7 milhões diz que sumiam R$ 25 milhões por mês aqui”, informou ele explicando que o valor quase chega a R$ 5 bilhões no período dos 16 anos.

Ainda no áudio o superintendente destaca que a quantia desaparecida seria suficiente para quitar os débitos de R$ 3,3 bilhões junto a Sabesp, investir R$ 1,2 bilhão para fazer as obras e tratar o esgoto da cidade inteira garantindo um trabalho de excelência e sem rodízio de água. “E ainda sobraria dinheiro. Foi um crime sem precedente”, disse.

A gravação tem pouco mais de cinco minutos. Além disso, Kadi denuncia que, no período citado, grandes devedores nunca foram cobrados. Juntos eles somam débitos de R$ 1,2 bilhão, sendo que somente os 100 primeiros totalizam R$ 250 milhões em dívidas. Na relação há empresas de diversos segmentos, algumas conhecidas nacionalmente com dívidas superiores a R$ 50 milhões.

Outro caso específico citado diz respeito a um empreendimento comercial que pagava R$ 8 mil referente ao despejo de esgoto. Com a troca do hidrômetro na saída de esgoto a fim de que o valor correto seja cobrado o montante chegou a R$ 400 mil. Tal procedimento foi feito em diversas outras empresas.

 

Áudio

Em nota, o Saae informou que está tomando diversas medidas de austeridade com o objetivo de aumentar as receitas da autarquia. Além da cobrança da dívida dos grandes devedores e do despejo de esgoto, a autarquia investiga possíveis desvios de verba e outras irregularidades em contratos firmados em gestões anteriores.

A autarquia informou, ainda, que o servidor gravou a fala do superintendente sem permissão na sala da superintendência, durante uma reunião interna. Ele já foi identificado e a diretoria do Saae tomará as medidas administrativas cabíveis a respeito do vazamento.

Imagem: Rômulo Magalhães

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