Produtores artesanais de SP buscam alternativas para garantir o faturamento

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Neste momento de pandemia de COVID-19 (doença causada pelo novo coronavírus), a agricultura tem sido um dos setores mais demandados e busca alternativas para continuar produzindo e entregando qualidade à população, com segurança, conforme o recomendado pelos profissionais de saúde.

Em tempos de isolamento social, os produtores artesanais, que desenvolveram uma relação de confiança e proximidade com seus consumidores, vendendo em pequenos espaços na propriedade, em bares, restaurantes e empórios, e sem a infraestrutura das grandes indústrias, precisaram encontrar opções para escoar a produção.

Com pontos de venda fechados ou sob restrições de funcionamento no estado de São Paulo, a venda direta aos consumidores finais se revelou a melhor alternativa para escoar os estoques e garantir a sobrevivência dos negócios.

Apoio

Desde o início da pandemia, o Governo do Estado tem trabalhado para garantir a segurança da população e a continuidade dos serviços essenciais. A Secretaria de Agricultura e Abastecimento atua em duas frentes: assegurar o abastecimento dos produtos agropecuários e atenuar o prejuízo dos produtores rurais.

O isolamento social provocou uma mudança de hábitos: a população que se alimentava em bares e restaurantes passou a cozinhar mais em casa. Os produtores rurais que atendiam esse segmento precisaram buscar novas alternativas. Para ajudar esses agricultores, a pasta, em parceria com a Associação Paulista de Supermercados (APAS), criou a “Gôndola do Produtor”, uma oportunidade de comercialização sem intermediários.

Outra iniciativa desenvolvida para garantir renda ao produtor é a “Cesta Verde”. Com a interrupção das aulas nas escolas públicas, houve a paralisação de compra de produtos para a merenda escolar. A princípio, o Governo do Estado entendeu que a maior fragilidade estava nas crianças, que muitas vezes têm na merenda sua principal refeição, então forneceu um voucher às famílias para compra de gêneros alimentícios.

Mas, na outra ponta, os produtores rurais que se programaram para atender essa demanda com a esfera pública, ficaram desassistidos. O projeto Cesta Verde vai adquirir esses produtos, separar e compor kits de mais ou menos 5 kg de alimentos que serão destinados às famílias dos alunos das escolas estaduais.

Ciente de que muitos produtores estão perdendo renda nesse momento, a Secretaria de Agricultura, em parceria com a Desenvolve SP, a agência de desenvolvimento paulista, que realiza operações de sustentável para pequenos e médios empreendedores, estuda uma linha de microcrédito no valor de até R$ 25 mil. A proposta levará em conta não os agricultores que não acesso ao crédito, mas também os produtos que são importantes para garantir o abastecimento da população.

Para o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado, Gustavo Junqueira, o agronegócio paulista é bastante robusto e tem conseguido manter a atividade com a menor ruptura possível. O gestor ressalta, no entanto, que todos os elos da cadeia precisam estar alinhados. Para evitar os gargalos, as áreas de saúde, produção e proteção social têm atuado de maneira conjunta no enfrentamento da pandemia.

Adaptações

Com 40 anos de experiência na criação de queijos especiais, a produtora Heloísa Collins percebeu a necessidade de mudar rapidamente o modelo de negócios. Essas alterações, que envolveram logística, comunicação e até mesmo a produção de alguns itens, foram implantadas em poucos dias, o que foi importante para interromper a queda na comercialização e manter as vendas em um patamar aceitável.

Tendo equacionado o problema, Heloísa decidiu colocar a plataforma do Capril do Bosque, fazenda onde são criados alguns dos melhores queijos do mundo, à disposição de um grupo de artesãos da região, cuja qualidade a própria mestre-queijeira atesta, e criaram a Cesta de Produtores Artesanais da Mantiqueira.

O combo inclui queijos de vaca, cabra e ovelha, embutidos, cafés, geleias, meles e doces, oferecidos em sistema rotativo. A cesta de estreia está sendo vendida a R$ 255 e o prazo de entrega é de até sete dias a partir da data de compra.

A ideia de reunir produtos de consumo rápido, que se harmonizam, a um preço especial, e são entregues em toda a cidade de São Paulo, está sendo recebida positivamente pelos consumidores. Os autores já pensam em criar um programa de assinatura do produto, com entregas mensais.

Eugênio Basile, da Mbee Mel, integrante desse grupo inicial, afirma que para os produtores artesanais que fornecem para bares e restaurantes, a pandemia impactou em 70% o faturamento e que os 30% restantes só foram mantidos porque passaram a entregar para o cliente final. “A cesta funcionou muito bem e as vendas online aumentaram muito. Esse sufoco que estamos passando talvez traga um ensinamento importante: os pequenos juntos são muito mais fortes”, explica.

De acordo com Heloísa Collins, a iniciativa já é um sucesso e mais da metade do lote inicial de 100 cestas já foi comercializada. “Os produtos artesanais da Mantiqueira são muito bons e a Capril do Bosque fica contente de poder apoiá-los e estamos seguros de ter feito escolhas adequadas. Os produtores são extremamente compromissados, precisam ser valorizados e apoiados para encontrar novos canais de comercialização”, ressalta a mestre-queijeira, que contou com a assessoria de Lucas Terribili, da agência de comunicação Mar Aberto, na divulgação.

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