Evento promovido em função do Maio Amarelo, teve Layla Fordelone, gestora da Escola Pública de Mobilidade Urbana, dando uma aula sobre o Movimento
Em 2022, Guarulhos registrou 149 óbitos ocorridos no trânsito da cidade, que custaram R$ 177 milhões aos cofres públicos. A informação foi transmitida pela gestora da Escola Pública de Mobilidade Urbana, Layla Fordelone, em palestra proferida no Plenário da Câmara Municipal de Guarulhos na tarde de quinta-feira (25) a convite da Câmara Temática de Pesquisas e Proposições (CTPP) do Legislativo, como agenda do Maio Amarelo, mês de conscientização e combate aos sinistros de trânsito.
Vinculada à Secretaria Municipal de Transportes e Mobilidade Urbana, a Escola desenvolve campanhas educativas e ações para conscientizar a população sobre a necessidade de todos colaborarem para reduzir os números relacionados ao trânsito. Com peças publicitárias direcionadas aos motoristas, ciclistas, motociclistas e pedestres – os mais vulneráveis -, em toda a cadeia que compõe o sistema de trânsito de um município, segundo Layla, o objetivo é conscientizar o maior número de pessoas possíveis.
Layla abriu a palestra explicando que Maio Amarelo é um movimento internacional de conscientização para redução de sinistros de trânsito, que surgiu em função de no dia 11 maio de 2011, a Organização das Nações Unidas (ONU) ter decretado a década de Ação para Segurança no Trânsito. A cor, segundo ela, visa chamar a atenção para o tema, já que amarelo tem essa mesma função na sinalização viária.
De acordo com o secretário Luigi Lazzuri Neto, titular da Secretaria de Transportes e Mobilidade Urbana, a Pasta atua o ano inteiro para reduzir a sinistralidade e informar a população sobre o tema, mas em maio a agenda ganha um reforço, além de atividades em parceria com outros órgãos. Layla falou de ações em portas de universidades e portas de escolas de ensino fundamental, unidades básicas de saúde, além da entrega de um kit de segurança para ciclistas.
Para além das questões práticas de segurança no trânsito, Layla explicou que a palavra sinistro substituiu acidente por ser este o conceito correto. “Um acidente não é possível prever, portanto não teria como evitar; o sinistro é a nomenclatura correta porque pode ser evitável e nós trabalhamos para isso, pela vida. Nosso lema é que nenhuma morte é aceitável”, explicou.
As campanhas reforçam o fato de que um sinistro de trânsito é também um problema de saúde pública, deixa sequelas nos envolvidos, famílias ficam desamparadas, e tem impacto sócio econômico. Dados informados por Layla, revelam que no Brasil um óbito ocorrido no trânsito custa R$785 mil. Segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o custo anual com sinistros em rodovias é de R$ 50 bilhões, disse ela. Nas vias urbanas, o valor ficaria em R$ 10 bilhões.
Os números de Guarulhos não são nada animadores. Em 2022, Layla disse que o custo local com sinistros de trânsito foi de R$ 117 milhões. Os dados mostram que houve 4785 sinistros graves provocando 149 óbitos. O perfil das vítimas fatais revela que 80% são homens, na faixa etária entre 18 e 24 anos; número que sofreu uma variação para a faixa-etária de 30 a 39 anos no período da pandemia; 38% são motociclistas e 34% pedestres.
Os sinistros foram registrados majoritariamente às segundas-feiras à noite, e às sextas-feiras à tarde, sendo que 54% ocorreram nas vias urbanas e 37% nas rodovias que cortam Guarulhos. Por fim, os veículos que se envolveram nos sinistros são: 30% automóvel, 15% caminhão, 10% ônibus e 75% das vítimas fatais morreram no mesmo dia.
Por fim, ela falou que os principais fatores de risco são dirigir sob o efeito do álcool, excesso de velocidade, não usar capacete, não usar o cinto de segurança, não usar as cadeirinhas e dispositivos de segurança para crianças. O uso do celular ao dirigir é um dos fatores de risco mais atual e as campanhas para conscientização dos motoristas têm focado bastante nesse quesito.
Layla sugeriu que a Câmara faça uma legislação para uniformizar a velocidade nas ruas do Município, mantendo o máximo em 50 km por hora, já que em algumas vias, os motoristas podem chegar a 60 km.
O presidente da Câmara, vereador Ticiano Americano (Cidadania), se comprometeu a defender a proposta. Ele, que já trabalhou na Secretaria de Transportes, falou sobre detalhes que tiram a atenção de motoristas e provocam sinistros por conta de uma fração de minutos. Ticiano agradeceu aos funcionários da Câmara, bem como aos agentes da Prefeitura que compareceram à palestra e colaboraram para transmitir as informações. Ele parabenizou os avanços feitos pela Secretaria, sobretudo no que diz respeito às ações desenvolvidas na frente das escolas.
O evento na Câmara foi comandado pelo jornalista Guto Tavares, coordenador CTTP Saúde e contou com a participação do diretor do Departamento de Mobilidade Urbana da Prefeitura, Hormindo Pereira de Souza Junior, além de outros integrantes das Câmaras Temáticas e funcionários da Câmara.