Lucy Tamborino
Com laços familiares, amigos e emprego em Guarulhos, em agosto do ano passado Fabio Collado Rodrigues, de 38 anos, decidiu mudar para o interior em São Paulo, na cidade Jaboticabal, uma viagem de mais de 300 km. Tudo isso para dar, junto com sua esposa, uma vida melhor à filha Marina Vitória Morales Rodrigues, de cinco anos, que foi diagnostica com paralisia cerebral leve.
De acordo com ele, em Guarulhos a fila para conseguir o tratamento gratuito adequado era muito maior, além dos locais serem muitos distantes e o trânsito dificultar ainda mais toda a rotina diária. “O que eu como pai não poderia fazer pela minha filha? Eu trabalhava e ganhava bem. Tinha meu fixo e minha comissão, mas agora trabalho muito mais de casa e só ganho pelas vendas, mas aqui a qualidade de vida dela é melhor”, conta explicando que vende projetos de segurança para construção civil. E de lá pra cá, conseguiu ainda outro trabalho também como vendedor.
A vida, porém, na cidade não tem sido fácil. “Tem hora que dá vontade jogar tudo para o ar, mas quando a gente vê que ela está fazendo todo tipo de tratamento, dá força”, conta Rodrigues, que também tem um filho de 18 anos. A experiência, no entanto, é diferente. “Você não é só pai, você é um pai especial. Você é escolhido por Deus. Como se ele dissesse: ‘Ela vai vir e vocês vão cuidar dela’. Deus te dá uma missão de fazer algo que outros não teriam condição de fazer”, conta.
Mesmo com as dificuldades, o nome “Vitória” diz muito sobre a filha que ensina todo dia uma nova lição para o pai, que já não é o mesmo desde o seu nascimento. “Uma criança como ela ensina dar valor a vida. Eu aprendi muito. Eu pensava em trabalho demais e deixava a família de lado”, conta. “O trabalho e dinheiro não são tudo você precisa aproveitar a esposa e filhos. Minha filha também me ensina muito a questão de ser guerreira, de não parar, independente dos problemas ela está sempre brincando e sorrindo”, completa.
Imagem: Arquivo Pessoal
