O trabalho tem que continuar…

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Quanto as críticas recebidas por discordar o pacote anticrime  do Ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro (como se alguém fosse a favor do crime!!!), parece-me necessário destacar que o referido projeto claramente vulnera as prerrogativas da advocacia quanto ao sigilo de comunicação e, igualmente, viola o direito do condenado ser preso apenas após o trânsito em julgado, destacando que o novo governo vem se afastando do princípio da hierarquia das leis para impor suas mudanças, quase que a força, estruturando legislação que tendem ao amparo de eventuais abusos de poder, porquanto me parece preciso e atual o pensamento de Anatole France:

“Eu não recearia muito as más leis se elas fossem aplicadas por bons juízes. Não há texto de lei que não deixe campo à interpretação. A lei é morta. O magistrado é vivo. É uma grande vantagem que ele tem sobre ela.”

Aliás, o Ministro Sergio Moro parece ter aprendido rápido as lições de conduta política, pois, em 2016, ao divulgar ilegalmente uma conversa da Presidente da República Dilma Rousseff, afirmou: “A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras”; entretanto, acerca de seu recente encontro com a fabricante de armas Taurus, mudando complemente de opinião ou esquecendo-se que é um servidor público, afirmou: “O direito à privacidade, no sentido estrito, conduz à pretensão do indivíduo de não ser foco de observação de terceiros, de não ter os seus assuntos, informações pessoais e características expostas a terceiros ou ao público em geral.”

Por estas e outras é que Rui Barbosa continua vivo, merecendo ser lembrado: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”

E para aqueles que pretendem calar a imprensa e seus valores, de boa lembrança os pensamentos de Rachel de Queiroz, quando deixa claro o aviso: “Gosto de palavras na cara. De frases que doem. De verdade ditas (benditas!). Sou prática em determinadas questões: ou você quer ou não”.

O incomparável Nelson Rodrigues lembrava: “Nós, da imprensa, somos uns criminosos do adjetivo. Com a mais eufórica das irresponsabilidades, chamamos de ilustre, de insigne, de formidável, qualquer borra-botas”. Então, ao trabalho… excelentíssimos.

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