O encerramento da produção do Fusion, em julho,
marcará o fim de uma era para a Ford. O modelo feito no México era o último
sedã da marca vendido no mercado brasileiro. É verdade que o Ka Sedan
continuará sendo oferecido por aqui, mas esse três-volumes é uma derivação da
atual geração do hatch compacto, e não um sedã “puro”, como o
Galaxie, o Mondeo e o próprio Fusion, entre outros.
Trata-se de uma morte anunciada, que faz parte
de um plano global. Em 2017, o CEO mundial da Ford, Jim Hackett, informou que a
companhia passaria a focar investimentos em SUVs e picapes, modelos que
garantem maior rentabilidade. De acordo com o executivo, a empresa realocaria
US$ 7 bilhões (cerca de R$ 22,6 bilhões na época) para os dois segmentos, em
detrimento dos demais.
Como parte dessa estratégia, a Ford anunciou um
programa de redução de custos no mundo todo. O plano inclui a demissão de
milhares de funcionários e o fechamento de várias fábricas.
Na prática, o projeto começou a andar em 2016,
quando a empresa encerrou a produção na Austrália. O último carro da marca
feito no país foi o sedã Falcon, substituído pelo Mondeo importado da Espanha.
Em 2017, foi a vez de a empresa encerrar as
operações no Japão e na Indonésia. A alegação é de que o baixo volume de vendas
nos dois mercados não justificava a presença por lá.
Embora não tenha registrado prejuízo naquele
ano, os números ficaram bem abaixo dos desejados. O lucro líquido da Ford em
2017 foi de US$ 1,74 bilhão, ante US$ 1,6 bilhão de 2016. Mas a margem nos
Estados Unidos caiu de 6,4% para 5,2%.
FÁBRICA DE SP
A empresa informou que até 2020 pretendia subir
seu lucro para 8% no mundo e 10% nos EUA. Para isso, teria de cortar US$ 25,5
bilhões em custos, o que incluiu o fechamento, no fim do ano passado, da
fábrica de São Bernardo do Campo (SP), onde eram feitos caminhões e o hatch
Fiesta.
Voltando ao Fusion, reportagem do The Detroit
News de 2018 informava que a Ford desistira de desenvolver uma atualização para
o modelo – que deveria ser lançada no segundo semestre deste ano. Segundo o
jornal, citando uma fonte ligada à marca, os sedãs Fusion e Mondeo seriam
mantidos no portfólio por “pelo menos mais três ou quatro anos”.
Em abril daquele mesmo ano, a Ford oficializou a
decisão de encerrar a oferta dos sedãs Fiesta, Focus e Fusion no mercado
norte-americano. A filial da empresa no Brasil informa que o Mondeo continua à
venda na Europa e China, entre outros mercados, e que não há nenhum plano
concreto de tirar o modelo de linha.
Mas há vários sinais indicando o contrário. Na
Europa, por exemplo, os números de vendas do sedã não param de cair. No ano
passado foram emplacadas pouco mais de 39,5 mil unidades do sedã Para
comparação, os emplacamentos em 2015 beiravam os 79,7 mil
No Brasil, a Ford vendeu 832 unidades do Fusion
em 2019. Em 2015, foram 7.410. As informações são da Fenabrave, federação que
reúne as associações de concessionárias.
Lançado no Brasil em 2006, na época o Fusion
chegou a ser tratado como uma espécie de “sucessor” do Galaxie, sedã
de 1967 considerado como o carro mais sofisticado produzido no País até hoje.
Embora tivesse bons atributos, o novato jamais alcançou esse status.
Ao longo de 14 anos, o Fusion teve duas gerações
e três reestilizações. Antes de ser excluído do site da Ford, o Fusion era
oferecido em três versões. A SEL, a R$ 149.900, tinha motor 2.0 de 248 cv. Por
R$ 179.900, a intermediária, Titanium, trazia o mesmo quatro-cilindros, mas era
mais equipada e tinha tração 4×4. Tabelada a R$ 182.990, a de topo, Titanium Hybrid,
chegou a conquistar o título de híbrido mais vendido do País.
O fim dos sedãs da Ford
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