MTST realiza manifestação para reivindicar área ocupada no Jardim São João

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Lucy Tamborino

O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) promoveu ontem uma manifestação para reivindicar definitivamente a área ocupada, no Jardim São João, que foi intitulada “Nova Vitória”. Os manifestantes se reuniram por volta das 12h na Praça Getúlio Vargas, no Centro e caminharam em direção ao Paço Municipal, no Bom Clima.  

A área de 57 mil metros quadrados localizados na estrada Guarulhos-Nazaré, ao lado do Terminal Urbano São João, possui cerca de 1,8 mil famílias instaladas, de acordo com o movimento. O local é resultado de massa falida da antiga Viação Aérea São Paulo (Vasp). A companhia deixou de operar em 2005 e teve sua falência decretada pela Justiça de São Paulo em 2008.

Zelidio Barbosa Lima, coordenador do movimento, acredita que a área deva ser entregue pela prefeitura às famílias. “A gente sabe que é uma massa falida. Já que a empresa responsável deve muitos impostos à prefeitura, porque não dar aquele local para as famílias morarem em definitivo como pagamento?”, questionou. Lima afirmou que novas pessoas não devem se instalarem no local, já que o restante é Área de Preservação Permanente (APP).

Os guarulhenses que se manifestavam e, foram ouvidas pela reportagem, afirmaram não ter onde morar e, por isso, recorreram à moradia no Jardim São João. Entre elas está Eliane Evangelista da Silva, de 43 anos, desempregada há dois meses, depois de ter sido demitida de uma pizzaria. “Na realidade eu estava com aluguel atrasado, não era registrada e me despejaram. Eu não tirei quase nada da casa eu saí praticamente com a roupa do corpo”, contou. Eliane, mora no local com duas filhas de 23 e 15 anos, além dos netos, de cinco meses e três anos. Ela é uma das cozinheiras que atua em uma cozinha improvisada na ocupação. A maioria dos alimentos é doada.

“Nós estamos lá graças a Deus. É uma família, uma ajudando o outro. Mas uma andorinha não faz verão, se as pessoas puderam nos ajudar com doação, tem muita criança precisando de roupa também”, contou Maria Cristina Ramos, de 29 anos. Ela, que mora com mais cinco pessoas, completa a renda com bordados, além de contar com auxílio-doença do marido. Trabalhou como vendedora autônoma até o ano passado, mas já está há mais de um ano sem encontrar qualquer emprego.

No final da tarde, os representantes foram recebidos pelo diretor do Departamento de Acompanhamento de Ocupação Irregular (Dacoi) da Secretaria de Justiça, Waldemar Tenório, e pelo secretário adjunto de Governo, Gustavo Sartori. Na ocasião, Tenório reforçou a disposição da administração pública em buscar as soluções cabíveis para oferecer auxílio às famílias ocupantes. “Este governo está aqui para dialogar e apoiá-los com o que está ao alcance de nossas equipes e incumbências. Nessa situação, a prefeitura pode cobrar do proprietário que cuide da área e cumpra com suas obrigações fiscais e perante a lei”, explicou.             

De acordo com a prefeitura, a reunião iniciou estudos de melhorias para avançar com as reivindicações do movimento. “No que a prefeitura puder ajudar, dentro da legalidade e deveres municipais, para que as famílias não fiquem desamparadas, seremos parceiros. Vamos buscar as soluções juntos, só assim daremos um passo à frente”, afirma Sartori.

Imagem: Lucy Tamborino

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