Justiça de São Paulo decreta falência da Viação Itapemirim

- PUBLICIDADE -

A Viação Itapemirim e suas subsidiárias tiveram sua falência decretada ontem pela 1ª Vara de Falências e Recuperação Judicial do Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo. A decisão, proferida pelo juiz João de Oliveira Rodrigues Filho, atendeu a um pedido da EXM Partners, administradora judicial do grupo. A viação, uma das referências em transporte rodoviário no País, estava em recuperação judicial desde 2016. O negócio foi alvo de várias polêmicas, incluindo brigas entre sócios e administradores, nos últimos anos. Somente a dívida tributária seria de R$ 2,8 bilhões.

Um dos capítulos mais controversos foi quando a companhia, mesmo estando em recuperação judicial, conseguiu a autorização para montar uma empresa do setor aéreo, a ITA, em meio à pandemia, um dos momentos de maior crise para o segmento. O negócio ficou no ar somente por cinco meses, entre acusações de atrasos de salário e de outros direitos de trabalhadores. No fim de 2021, pouco antes do Natal, a empresa cancelou subitamente seus voos, deixando milhares de passageiros sem atendimento.

A decisão do TJ paulista inclui a manutenção das linhas rodoviárias da companhia. Foi estabelecido o arrendamento, por um período de 12 meses, para a empresa Suzantur, que opera ônibus urbanos no ABC, na Grande São Paulo.

“Entende (o juízo) que uma operação de arrendamento parcial ou total dos ativos e linhas do Grupo Itapemirim mostra-se vantajosa à Massa Falida e aos credores”, conforme a decisão. O argumento é de que haverá um prazo para que as linhas possam ser vendidas, se buscando maior valor pelos ativos.

O imbróglio da Itapemirim tem três protagonistas: o atual dono da Itapemirim, o empresário Sidnei Piva; a EXM Partners, administradora judicial do negócio; e os herdeiros do fundador da companhia. A EXM afirma que a empresa tem deixado de entregar documentos à administradora e também afirmou que Piva foi remunerado em R$ 3,1 milhões em 2020. Já a família do fundador do negócio trava uma longa briga pública com Piva.

Além de tentar anular a venda da companhia, Camilo Cola Filho vem entrando com uma série de representações por falsidade ideológica contra o comprador. Ele sugere a existência de pelo menos quatro CPFs distintos ligados a Piva. O empresário negou, mas o caso está sob investigação.

Na decisão sobre a falência, o juiz estabeleceu o arresto de bens existentes em contas bancárias da empresa Piva Consulting, “diante dos indícios de que há confusão patrimonial entre tal sociedade e o grupo empresarial”. O juiz cita suspeitas envolvendo o grupo, tal como as acusações de lavagem de dinheiro A EXM afirma que houve o desvio de R$ 45 milhões do negócio principal para as operações da aérea ITA.

PEDIDO DE FALÊNCIA

Enviado à Justiça em julho, pelo representante da EXM, Eduardo Scarpellini, o pedido de falência da Itapemirim diz que o patrimônio da companhia foi “esvaziado” com transferências em benefício de Sidnei Piva, empresário que comprou a empresa por R$ 1 em 2016, quando ela já estava em recuperação judicial.

De acordo com a administradora, o quadro de funcionários da companhia passou de 3.776, em 2017, para 197, no ano passado, mas os trabalhadores não têm recebido seus salários, e o faturamento, que chegava, em média, a R$ 15,6 milhões por mês em 2021, agora está em R$ 373,4 mil.

Em nota, a associação de ex-funcionários da Itapemirim se disse surpresa com a decretação de falência. “Salientamos que esta associação, indignada com arbitrária decisão, através de seu corpo jurídico apresentará os recursos cabíveis no intuito de reformar a mesma.”

O Estadão procurou o empresário Sidnei Piva e a Itapemirim para posicionamentos, mas ainda não obteve resposta.

- PUBLICIDADE -