Novas imagens divulgadas neste domingo (9/4) mostram funcionários no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) trocando etiquetas das malas do casal formado pelas goianas Jeanne Paollini e Kátyna Baía. A identificação das bagagens delas foi colocada em outras duas carregadas de cocaína. Sem saber de absolutamente nada, as duas foram detidas em Frankfurt, na Alemanha. A detenção já passa de um mês.
Os vídeos obtidos pelo programa Fantástico, da TV Globo, apontam como se deu a trama no terminal aeroportuário que transformou a vida de duas brasileiras inocentes em um inferno.
O caso foi revelado na terça-feira (4/4), após uma operação deflagrada pela Polícia Federal (PF) para combater uma nova forma que traficantes estão usando para levar cocaína para a Europa. Nas imagens, é possível ver o momento em que as goianas saem de casa com uma mala rosa e outra preta. Elas despacharam as bagagens no Aeroporto Santa Genoveva (GO), mas as etiquetas são trocadas na conexão que fizeram no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP).
As imagens mostram que, na área reservada para as bagagens no aeroporto em São Paulo, dois funcionários selecionaram as malas das jovens. Pelos vídeos, após escolherem as bagagens, eles fotografam a etiqueta e fazem uma ligação.
Depois, duas mulheres ainda não identificadas entram no aeroporto. Elas se encaminham para a área de check-in e, supostamente, enviam uma mensagem, conforme aparece nas câmeras. Em seguida, a funcionária do guichê da área de embarque acena com a cabeça para elas, que vão até ela. As malas são colocadas na esteira e, três minutos após esse procedimento, as suspeitas saem do aeroporto pela frente do saguão.
Novamente, as câmeras internas da área de embarque mostram dois funcionários que operam no setor de despacho em busca das bagagens entregues pelas mulheres da suposta quadrilha. Pelos vídeos, é possível ver os homens trocando a etiqueta das malas das vítimas de Goiânia para as recém- entregues. As novas malas têm mais de 20 quilos de cocaína em cada.
Presas há um mês
Quando as goianas chegam ao aeroporto de Frankfurt, em 5 de março, foram presas por tráfico internacional de drogas. Segundo a PF, as passageiras, que ainda se encontram detidas em Frankfurt, informaram que não tinham conhecimento do conteúdo ilícito dentro das malas e que as bagagens apreendidas não eram delas.
“Em favor das brasileiras presas, há uma série de evidências que levam a crer, de fato, que não há envolvimento delas com o transporte da droga, pois não correspondem ao padrão usual das chamadas ‘mulas do tráfico’”, diz a PF.
A operação que combate essa nova modalidade de tráfico internacional de drogas foi deflagrada e batizada de Iraúna.
Audiência de custódia
Segundo o chefe do gabinete de Assuntos Internacionais, Giordano Sárvio Cavalcante de Souza, o casal comprou a viagem com antecedência e ia passear em vários países europeus.
As jovens chegaram a passar por audiência de custódia na manhã de quarta-feira (5/4), mas a Justiça de Frankfurt manteve as duas presas. De acordo com o Gabinete de Assuntos Internacionais de Goiás, que acompanha o caso, um juiz alemão pediu que as provas obtidas pela Polícia Federal durante a investigação sejam enviadas pelo Ministério da Justiça e pelo Itamaraty. Durante a audiência, o juiz informou que a PF enviou o inquérito via adida aduaneira.
Ainda segundo as autoridades alemãs, há fortes indícios de que as brasileiras são mesmo inocentes, no entanto, elas querem ter acesso a todos os vídeos obtidos pela Polícia Federal e ao inquérito completo, com a prisão dos suspeitos, antes de soltá-las.