Guarulhos discute a vulnerabilidade no processo migratório das mulheres negras

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Nesta terça-feira (26) a Prefeitura de Guarulhos promoveu, no auditório da Secretaria de Educação, a palestra Mulheres Negras Migrantes para servidores de diversas secretarias e membros do Comitê de Políticas para Migrantes, Refugiados e Apátridas. A iniciativa marca o dia Mundial de Combate ao Tráfico de Pessoas, celebrado no próximo sábado (30), e faz parte da 14ª Semana da Mulher Negra Latinoamericana e Caribenha, promovida pela Subsecretaria da Igualdade Racial, integrante da Secretaria de Direitos Humanos. Ela prossegue até o fim da semana com o minicurso online Mulheres Negras em Foco, realizado de quarta a sexta-feira (dias 27, 28 e 29).

O objetivo do encontro foi provocar discussões e reflexões sobre os fatores de vulnerabilidades contidos no processo migratório, considerando as relações de gênero étnico-raciais, as violações de direitos humanos sofridas pelas mulheres migrantes, especialmente o tráfico de pessoas e o trabalho análogo à escravidão contemporânea, e as políticas públicas existentes para a atenção a essa população.

A coordenadora do Instituto Terra, Trabalho e Cidadania (ITTC) e mestre em migrações, inter-etnicidades e transnacionalismo, Stella Chagas, destacou o perfil das mulheres migrantes em conflito com a lei que chegam ao Brasil. “É importante destacarmos o recorte racial porque ele está extremamente ligado à condição da mulher migrante. A cor da pele é predominante nos indícios de vulnerabilidade social. A maioria das mulheres migrantes reclusas são pretas e pardas e 80% são mães com dois ou três filhos. Grande parte delas eram vulneráveis no próprio país de origem e estão em busca de sobrevivência”, explicou Stella.

Segundo dados do ITTC, entre as migrantes encarceradas, várias são vítimas do tráfico de pessoas e algumas chegam com problemas de saúde. Elas são enganadas por oportunidades de trabalho, ou tiradas à força da família, chantageadas e nem sabem que podem estar trazendo drogas.

“É importante não nos calarmos perante as violações de direito. Temos o aeroporto internacional, que recepciona as migrantes, e Guarulhos tem um papel importante no acolhimento delas, já que possui uma rede articulada que precisa se fortalecer para resgatar cada vez mais essas pessoas e para que tenham a oportunidade de uma vida livre de violência e com acompanhamento interdisciplinar”, disse a presidente da Associação Brasileira de Defesa da Mulher, da Criança e do Adolescente (Asbrad), Dalila Figueiredo.

Dalila abordou ainda a experiência da Asbrad no atendimento a venezuelanos, haitianos, afegãos e tantas outras populações migrantes, muitas vítimas do tráfico de pessoas para fins de exploração laboral, violências sexuais e tráfico de drogas.

O evento contou com a participação do subsecretário de Igualdade Racial, Anderson Guimarães, e também das mediadoras do debate: a chefe técnica da subsecretaria, Rejane Costa, e a presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Compir), Luiza Owhoka.

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