A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
emitiu um alerta na sexta-feira, 5, sobre o aumento de casos de falsificação de
medicamentos no Brasil nos primeiros meses de 2020. Entre as falsificações
estão medicamentos utilizados no tratamento para hepatite C, vacina para a
gripe e remédios para distúrbio do crescimento, obesidade e diabete. Segundo o
órgão, a fiscalização e o aumento de compras online durante a pandemia do novo
coronavírus estão entre os motivos para o crescimento dessas ocorrências.
De acordo com a agência, cinco casos foram
registrados neste ano, ante três em 2018 e quatro no ano passado.
“A partir da ciência desses fatos, a Anvisa
começou os procedimentos de investigação, com inspeção com a Polícia Civil dos
Estados. Apesar de a gente ter identificado que, em alguns casos, a prática
ocorria desde 2019, com a situação atual da pandemia, houve o aumento da
aquisição pela internet, o que favorece a prática”, explica Mariana
Collani, especialista em regulação sanitária da Anvisa.
Falsificar medicamentos é considerado um crime
contra a saúde pública, com pena de 10 a 15 anos de reclusão e multa, conforme
o Código Penal Brasileiro.
Mariana diz que a maioria das falsificações
registradas neste ano foi detectada em medicamentos adquiridos por meio de
empresas que prestam assessoria para importação e fazem a entrega
principalmente para planos de saúde. “Muitos casos de falsificação estão
envolvendo a importação de medicamentos que tem sido feita pelos planos de
saúde para o atendimento de decisão judicial, por meio de empresas de
assessoria de comércio exterior.
Nos casos atuais, são 80% com importação de
empresas de assessoramento que têm fontes não idôneas no exterior para ter um
preço mais barato do que o detentor do registro teria no Brasil. Se a
importação for necessária, é importante que o plano de saúde entre em contato
com a empresa detentora no Brasil.”
Em nota, a Gilead Sciences informou que foi
notificada sobre a falsificação do Harvoni, medicamento para hepatite C, por
meio do relato de um segurado de operadora de plano de saúde ao seu médico.
“De acordo com o documento entregue à Gilead, o paciente no Brasil recebeu
frascos de Harvoni cujo lote a Gilead não reconhece como sendo legítimo. Os
frascos de Harvoni falsificados foram adquiridos por uma importadora no Brasil,
específica e pontualmente para esse paciente.”
O jornal O Estado de S. Paulo entrou em contato
com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que informou que vai
procurar a Anvisa. Ainda de acordo com a especialista da Vigilância, casos
ocorrem com mais frequência em medicamentos de alto custo, que são mais caros,
mas avalia que a população e os profissionais de saúde estão mais preparados
para identificar os medicamentos falsificados. “Para consumidores, a compra
deve ser feita somente em farmácias e isso também se aplica à internet, onde
farmácia e drogaria têm de ter um site com o domínio ‘.com br’. Nunca compre de
pessoas físicas, em ruas, feiras ou redes sociais”, recomenda.
Gripe
Segundo a Anvisa, a vacina para gripe Fluarix
Tetra, da empresa GlaxoSmithKline Brasil (GSK), teve três casos de falsificação
neste ano.
A GSK informou que recebeu informações em seu
canal de atendimento ao consumidor sobre doses falsificadas em Coxilha (RS) e,
após apurar a situação, fez uma denúncia na secretaria de Saúde do município.
Em fevereiro e março, a Novo Nordisk foi
alertada por um profissional de saúde sobre a possível falsificação dos
medicamentos para distúrbios do crescimento Norditropin FlexPro e Norditropin
Simplexx.
Os medicamentos Victoza e Saxenda, indicados
para diabete e obesidade, respectivamente, também foram falsificados.
Na versão falsa, os medicamentos tinham a
apresentação em gotas e em cápsulas, quando as versões originais são
subcutâneas.
A agência registrou ainda dois casos de
falsificação do medicamento Defitelio (defibrotida), registrado no Brasil pela
empresa Zodiac Produtos Farmacêuticos.
O remédio é usado por pacientes que tiveram
complicações após a realização de transplante de células-tronco.
Falsificação de remédio cresce no País
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