Pedra no Lago, espetáculo encenado por alunos de teatro do projeto Cultura na Comunidade, trouxe cenas inquietantes para abordar temas como abandono de incapaz, violência sexual contra crianças e adolescentes, dentre outras negligências
Guarulhos, 19 de maio de 2025. A Escola Estadual Profª. Maria Angélica Soave, no Jardim Nova Taboão, foi palco da apresentação teatral “Pedra no Lago – acerca de infâncias roubadas”, espetáculo encenado por alunos de teatro do projeto Cultura na Comunidade que aconteceu na última quinta-feira (15). Iniciativa da Trupe Ortaética e da Hamburgada do Bem, o espetáculo é parte das ações do Maio Laranja, campanha nacional de prevenção e combate à violência sexual contra crianças e adolescentes, celebrado no dia 18 de maio.
Com direção de Tiago Ortaet, o espetáculo trouxe diferentes recortes de histórias reais sobre negligências na proteção à infância, abordando desde a falta de leitos para gestantes no sistema público de saúde às minúcias da educação familiar, e tratando de forma delicada temas como abandono de incapaz, abuso sexual contra crianças e adolescentes, dentre outras violências.
Ao longo do espetáculo, o público composto por estudantes do ensino médio e convidados reagiu à história de diversas formas, ora demonstrando perplexidade ora envolvimento pessoal com algumas das cenas inquietantes e situações escancaradas.
“Essa peça me tocou de diversas formas, desde o abuso sofrido por garotas até uma parte em que lembrei de meu pai, que quando jovem teve muitas desavenças com minha avó, e não recebeu o amor dela por isso, ainda assim, hoje, minha avó reconheceu o erro do passado, e dá muito amor para mim e meus irmãos. Minha avó também foi vítima de meu avô, que batia muito nela, e essa parte do espetáculo, que aborda a mulher sendo agredida pelo marido, me deixou muito mal, mas eu sei que a arte tem essa função, de mostrar essas situações para as pessoas refletirem e entenderem que elas precisam ajudar e não fazer parte dessa engrenagem que perpetua as violências”, disse L.G.M. C. F, de 17 anos, aluna do 3º ano.
Além de exaltar o protagonismo da juventude na luta por direitos e no debate sobre violências que crianças e adolescentes enfrentam diariamente, o bate-papo entre os atores e o público ao final do espetáculo encontrou diferentes pontos de vista e mostrou o envolvimento do público com a temática.
“Eu fiquei desesperada quando uma mulher sentada na minha frente gritou que a bolsa havia estourado, eu acreditei mesmo que ela estava em trabalho de parto, mas ninguém veio ajudar, então, percebi que era parte do teatro”, disse Ana Clara Rodrigues, 36.
O empenho do elenco em cada detalhe também foi aspecto observado pelo público, fruto da dedicação e construção coletiva. “Eu decoro rápido a minha parte, mas isso varia de pessoa para pessoa, mesmo assim eu ainda dependo que os outros atores saibam seu texto para que eu possa encaixar o meu”, explicou o ator Luke Rodrigues em resposta a uma das alunas que questionou quanto tempo os atores levavam para decorar suas falas.
A direção artística e o roteiro do espetáculo não passaram despercebidos pelo público jovem. “Eu gostei muito do modo como vocês abordaram esse tema, não de forma bruta e grotesca, mas com bastante empatia na atuação, por isso dá para perceber que o texto foi muito bem escrito e o grupo bem dirigido”, parabenizou J.A.F.J, 17, aluno do 3º ano, interessado no processo de criação e pesquisas realizadas pelo coletivo.
Pedra no Lago – acerca de infâncias roubadas é um espetáculo fomentado pela Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) e conta com patrocínio do Grupo Boticário, da Poliedro Educação e da Concentrix.
Para mais informações, siga os perfis do projeto pelas redes sociais @hamburgadadobem e @trupeortaetica.