Com nossos passaportes de cinéfilos nas mãos, vamos romper o isolamento
social para viajar, mas na maior segurança, por meio dos filmes. Vamos a Paris:
Acossado
Cinéfilo nenhum se esquece de Jean Seberg, como Patricia – Jean-Paul Belmondo,
como Michel Poiccard, a chama de Patriciá – vendendo o The New York Herald
Tribune na Avenida dos Champs Elysées em Acossado/ À Bout de Souffle, o filme
emblema da nouvelle vague, de 1960. Michel mata um policial e inicia uma viagem
sem volta, arrastando com ele a norte-americana em Paris
Os Miseráveis
Câmera na mão, som direto e a frase musical. Paris, mesmo em preto e branco,
era uma festa naquela época em que o cinema, a França e o mundo estavam em
transformação. Quase 60 anos depois, a avenida foi ocupada por manifestantes na
ruidosa comemoração da vitória da França no futebol em Os Miseráveis, de Ladj
Ly, premiado em Cannes no ano passado.
Missão Impossível – Efeito Fallout
Subindo a avenida, lá no alto está o Arco do Triunfo, construído para comemorar
as vitórias militares de Napoleão. O arco fica no centro de uma rótula e do
outro lado a avenida prossegue com outro nome, mas esse não é tão fotogênico e
é menos frequentado pelo cinema. O Godard é em preto e branco. Quer ver o arco
em cores, e na atualidade? Relaxe e prepare-se para a pauleira. A perseguição a
Ethan Hawke, isto é, Tom Cruise, em Missão Impossível – Efeito Fallout, de
Christopher McQuarrie, de 2018, é eletrizante, espetacularmente filmada. E é
acurada, vindo das bordas, pelas ruas laterais, até desembocar na grande
avenida, e no arco. Você pode esperar o fim da quarentena e ir lá para
conferir. Pode-se apenas imaginar – imaginai, sempre – o que deve ter sido isolar
toda a área para a filmagem.
O Gato Sumiu
Quer conhecer a Bastilha? Veja O Gato Sumiu, de Cédric Klapisch, de 1996. O
Beaubourg? Karim Aïnouz fez, em 2014, um média admirável para a série Catedrais
da Cultura, idealizada por Wim Wenders. Se os grandes prédios pudessem falar
com a gente, o que nos diriam? O que diria o Centro Georges Pompidou?
A Hora do Rush 3
Localizada no Campo de Marte da capital francesa, a Torre Eiffel foi criada
para ser o arco de entrada da Exposição Universal de 1889. Virou o cartão
postal mais conhecido de Paris e o monumento com entrada paga mais visitado do
mundo. Nos filmes, aparece com frequência, praticamente em todo filme com
tomada geral da cidade – é o seu prédio mais alto. Tudo é mais na Tour Eiffel.
Mais ação – Jackie Chan, batendo e arrebentando em A Hora do Rush 3, de Brett
Ratner, de 2007. Chris Hemsworth e Tessa Thompson em MIB – Homens de Preto
Internacional, de F. Gary Gray, do ano passado. A torre como portal para outra
dimensão, e por onde poderá começar a grande invasão alienígena, se os agentes
especiais não estiveram alertas.
O Corcunda de Notre Dame
Notre Dame? Está fechada, e cercada por tapumes, depois do incêndio, mas
qualquer versão de Victor Hugo, O Corcunda de Notre Dame, em animação ou live
action, a mostra em detalhes, dentro e fora.
Bando à Parte
E, claro, o Louvre. O grupo de amigos correndo na grande allée do museu em
Bando à Parte, outro Godard, de 1964. Anna Karina e seus amigos, Sami Frey e
Claude Brasseur, filmados em preto e branco. A mistura de filme noir, comédia e
drama. Ou, nas palavras do autor, o encontro de Alice com Kafka.
Como Roubar Um Milhão de Dólares
Dois anos depois, numa comédia de William Wyler – Como Roubar Um Milhão de
Dólares -, Audrey Hepburn, magnificamente fotografada em cores (vestida por
Givenchy, joias da Cartier), contrata Peter O’Toole para roubar de um museu que
é o Louvre, mas não é nomeado como tal, uma escultura creditada a Benvenuto
Cellini. A peça, na verdade, é obra de seu pai e, dessa maneira, ela tenta
evitar que ele seja desmascarado como falsificador. Pegaria mal – falha de
segurança, falsificação -, nem de brincadeira o Louvre ia topar.
Código Da Vinci
Mas topou ser palco do assassinato que deflagra a investigação do professor de
iconografia religiosa e simbologia Robert Langdon, aliás, Tom Hanks, em O
Código Da Vinci, de Ron Howard, de 2006. No mesmo filme, a igreja de Saint
Sulpice, em Saint Germain, é cenário de outra cena decisiva.
Embarque em uma viagem a Paris sem sair do sofá
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