Comemorado no Brasil em 13 de julho, o Dia Mundial do Rock é mais do que uma data simbólica: é uma celebração à atitude, à liberdade de expressão e à força de um gênero que atravessa gerações e resiste ao tempo. Mesmo com o nome “mundial”, a data só é oficialmente celebrada no Brasil — graças ao impulso das rádios paulistanas nos anos 1990, que abraçaram a sugestão feita por Phil Collinsdurante o festival Live Aid, em 1985.
Hoje, quem mantém viva essa chama são as bandas independentes, que enfrentam os desafios do cenário musical com criatividade, coragem e som autoral. E em Guarulhos, essa potência é cada vez mais evidente. Estima-se que o Brasil conte com mais de 10 mil bandas de rock independentes em atividade, muitas delas concentradas em cidades como Guarulhos, onde o movimento underground pulsa forte.
Entre as que se destacam na cidade estão Dona Helena e Bentiví, duas bandas que representam a nova geração do rock guarulhense, com vozes, sons e atitudes que refletem a pluralidade da juventude local.
Dona Helena: essência de resistência em cada acorde
Criada de forma despretensiosa, a Dona Helena surgiu em 2022 a partir da união de amigos para um show improvisado — e não parou mais. A formação conta com Vitu Lopes (vocal), Joãozinho (baixo) e Luiz Moreira(bateria). Desde então, o grupo passou a ocupar espaços na cena local com letras autorais, críticas sociais e presença de palco intensa.
A banda lançou dois singles:
🎵 “Sim Senhor” — que traz um discurso direto contra abusos de autoridade.
🎵 “8-11” — que reflete angústias urbanas com riffspesados e energia punk.
Atualmente, a Dona Helena está em processo de gravação do primeiro EP, previsto para o segundo semestre de 2025, com faixas que misturam stoner rock, blues, punk e hardcore.
O grupo já se apresentou em eventos como o Festival de Bandas Autênticas de Guarulhos, no Sesc Guarulhos, e em projetos independentes como o Rock no Calçadão e o Palco Livre no Bosque Maia.
“O rock é mais do que um gênero musical. É um modo de vida. Questionar o que nos é imposto, sonhar alto e transformar a realidade com as próprias mãos”, afirma Vitu Lopes.
Bentiví: som potente e olhar coletivo
Já a Bentiví, formada em 2021, surgiu em plena pandemia, quando tocar ao vivo era um desafio. A formação conta com Guilherme Frutuoso (vocal), Gustavo Frutuoso(baixo), Ana Alonso (guitarra) e Luan Borelli (guitarra). Mesmo sem palcos tradicionais disponíveis, o grupo começou a produzir e promover eventos independentes pela cidade, criando seu próprio espaço.
Seu som passeia por diversas vertentes do rock moderno, como post-hardcore, alternativo e metalcore, com letras intensas e performances enérgicas. As principais influências vão de Bring Me The Horizon, Spiritbox, Fresno e Scalene, até nomes como Glória e The Strokes.
A banda vem se destacando pela capacidade de unir peso e melodia em suas composições, além de cultivar um relacionamento forte com outras bandas da região. Bentivíjá participou de eventos colaborativos em Guarulhos e cidades próximas, fortalecendo a cena com o lema de que “ninguém solta a mão de ninguém”.
“A nova geração tem chamado atenção. A cena de Guarulhos está viva, e cada dia que passa ganha mais força”, diz Guilherme Frutuoso.
Identidade, coragem e som autoral
Tanto Dona Helena quanto Bentiví compartilham a busca por autenticidade em suas criações. “Temos influências muito diversas, mas buscamos sempre um som que fale de quem somos e do que acreditamos”, destaca Joãozinho, baixista da Dona Helena.
Essa pluralidade sonora e estética reflete não só a trajetória das bandas, mas também o espírito do Dia Mundial do Rock, que nasceu de um evento global com propósito solidário e se transformou, no Brasil, em um símbolo de resistência artística e cultural.
O rock vive onde há verdade
O Dia Mundial do Rock, celebrado apenas no Brasil, tornou-se um símbolo de celebração da música como expressão de identidade, protesto e liberdade. Em Guarulhos, essa data reforça a importância das bandas independentes, que seguem firmes mesmo sem apoio de grandes gravadoras, e movimentam a cena com atitude, som autoral e engajamento comunitário.
“Enquanto houver voz, barulho e vontade de mudar o mundo, o rock vai continuar vivo”, resume Vitu Lopes.