Concessionária consegue AVCB para o terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos

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Após denúncia exclusiva da Folha Metropolitana, em outubro de 2019, sobre a falta do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) em todos os terminais do maior aeroporto da América Latina, o Terminal 2 finalmente conseguiu o documento.

Segundo a concessionária que administra o aeroporto, o AVCB do terminal é válido até dezembro de 2022. Até o mês passado ele possuía um Termo de Autorização para Adequação do Corpo de Bombeiros, enquanto aguardava a finalização das obras de adequação.

No local estava sendo executado o projeto de ambientação dos Piers do Terminal 2, cuja as obras foram concluídas em julho do ano passado. Dentre as melhorias realizadas estão as substituições dos assoalhos dos corredores centrais e de desembarque doméstico (oeste) e dos corredores central, de embarque e de desembarque internacional (leste). Os piers também já receberam nova iluminação de LED e os 216 banheiros femininos e masculinos desta área restrita também foram padronizadas. As melhorias dos dois conjuntos de toiletes do píer oeste também já foram concluídas.

Em outubro do ano passado, a reportagem denunciou o funcionamento do aeroporto sem a emissão do documento em todos os terminais. Desde então, o Terminal 1 obteve o documento válido até fevereiro de 2022. Já o Terminal 3 obteve o documento em novembro do ano passado.

Ainda assim, no último dia 28 de janeiro um incêndio foi registrado no estacionamento do Terminal 2. Ao menos seis veículos foram destruídos devido às chamas e, segundo testemunhas, os hidrantes estavam vazios no momento o que impossibilitou uma ação imediata na área.

Em nota, a GRU Airport, concessionária que administra o aeroporto, informou que “na noite de 28 de janeiro a Unidade de Bombeiros de Aeródromo de GRU foi acionada pelo Centro de Operações de Emergência do Aeroporto para controlar o incêndio em um veículo que estava parado em um de seus estacionamentos. Não houve vítimas e em poucos minutos o fogo foi controlado em total segurança. O incidente não impactou as atividades e as operações do aeroporto. As causas do incêndio estão sendo apuradas pelas autoridades competentes”. 

Inquérito

O Ministério Público Federal (MPF) – Procuradoria da República em Guarulhos está apurando a falta do AVCB no Aeroporto de Cumbica. “O MPF está cobrando o Corpo de Bombeiros e a GRU Airport para que esses órgãos cumpram a legislação vigente”, afirmou o procurador da República, Guilherme Rocha Gopfert, à época da reportagem

O inquérito, instaurado desde 2014, só será finalizado quando as adequações forem cumpridas e o documento for emitido. “Um aeroporto daquele tamanho sempre terá necessidade de adequações e melhorias. A partir do momento em que os Bombeiros autorizaram o funcionamento do aeroporto, não há nenhum perigo para a população”, complementou o promotor.

Conforme os documentos do inquérito, o AVCB do Terminal 1 tinha vencido em abril de 2019, e um galpão embargado estava sendo usado como depósito, sem proteção e nem segurança. Já no Terminal 2, a vistoria foi feita, porém as irregularidades impediram a emissão do documento. Não havia sistema de alarme de incêndio; a central de alarme não tinha vigilância humana; o layout interno foi modificado, o que implicou nas alterações dos hidrantes, acionadores manuais de alarme de incêndio, rotas de fuga e saídas de emergência diferentes no que constavam no projeto aprovado e as escadas de segurança estavam obstruídas, o que impedia fuga em caso de emergência.

Na época, a reportagem chegou a constatar a falta de água nos hidrantes, além do fato de não ter área de evasão em caso de emergência, e o aeroporto não possuir Bombeiro Civil – profissional responsável pela gestão de risco de incêndio e situações de emergência.

O documento do terminal 3 tinha vencido em agosto 2019 e não havia sido renovado, pois um ventilador de exaustão estava danificado e as portas de saída de emergência estavam com as barras antipânico quebradas.

Importância do AVCB

O documento emitido pelo Corpo de Bombeiros é importante para a segurança de todos que transitam pelo local. Uma das tragédias que chocou o país em 2013 foi causada pela falta do AVCB. A Boate Kiss, em Santa Maria (RS), pegou fogo em 27 de janeiro e deixou mais de 240 pessoas mortas, a maioria por asfixia.  O acidente poderia ter sido evitado, mas os extintores não funcionavam e a boate só tinha uma saída, itens que impedem a emissão do alvará justamente por falta de segurança em casos de emergência.

O Museu Nacional, no Rio de Janeiro, o Museu da Língua Portuguesa, e o incêndio no campo de treinamento do Flamengo, também no Rio, são outras tragédias que não possuíam regularização.

Em Guarulhos, houve o caso Ladies First, em que o mezanino de uma casa noturna desabou em 2004 e deixou seis mortos e mais de 110 feridos, também sem o documento emitido pelos bombeiros.

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