Coluna Livre com Hermano Henning

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O premiado jornalista americano Glenn Greenwald, que o pessoal do site O Antagonista gosta de chamar de Verdevaldo, dormiu aliviado na noite de quinta para esta sexta-feira, imagino. O principal acusado, aliás, réu confesso, na história do hackeamento dos celulares do ministro Sergio Moro e do pessoal da Operação Lava Jato, declarou que o material roubado com conversas do ex-juiz federal de Curitiba e o procurador Deltan Dallagnol, foi oferecido ao jornalista fundador e diretor do site The Intercept sem pedir qualquer tipo de pagamento. Tudo de graça. Trabalho voluntário.

Walter Delgatti Neto, conhecido como Vermelho, o hacker, disse que os contatos com Greenwald para publicar tudo no Intercept foram virtuais e que não recebeu nada pelo trabalho. Muito bom para o jornalista. Foi só para colaborar, certo?

Não poderia ser de outra forma. Tivesse pagado alguma importância para ter este material, o nosso Verdevaldo estaria cometendo um crime e não haveria liberdade de imprensa a ser alegada para livrá-lo de uma condenação na Justiça.

Profissional vitorioso

Jornalista experiente, dono de uma quantidade de prêmios que faz inveja a qualquer um de nós, o editor do The Intercept não entraria em uma arapuca destas. Vou citar apenas alguns deles, a começar pelo Prêmio Esso de Reportagem pelos seus artigos no jornal O Globo, do Rio. Foi o primeiro jornalista estrangeiro a ganhar o prêmio. Na lista, também tem o Pulitzer conquistado pela equipe liderada por ele no jornal inglês The Guardian por reportagens investigativas sobre a NSA, a Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos. A lista é grande.

É inegável que existe nesta história, que se confunde com uma tentativa bastante clara de desacreditar a Lava Jato, também, valores pessoais adquiridos aqui em nosso país. Valores estes que podem ter levado Greenwald a se empenhar com vontade redobrada na campanha contra Sergio Moro. Valores pessoais, que me arrisco a acreditar, ele não tinha quando conquistou essa penca de prêmios.

De qualquer forma, acredito que essas condições não foram suficientes para nosso amigo americano abandonar seus princípios profissionais, tão zelosamente cuidados, até agora.

Resta então voltar ao tal de Vermelho.

O hacker responde a processos por estelionato, falsificação de documentos e furto. Já tem condenações na Justiça e uma longa lista de malfeitos. A informação surgida ontem foi a de que bisbilhotou até o telefone do presidente da República.

Será que foi pura diversão?

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