Coluna Livre com Hermano Henning

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Ainda nos anos oitenta, o jornalismo na TV brasileira sofreu uma transformação radical com o jornalista Boris Casoy, hoje contratado da Rede TV!

Até então as notícias na televisão obedeciam ao padrão do Jornal Nacional, da Globo, com os locutores pinçados da Rádio Jornal do Brasil: Cid Moreira e Sérgio Chapelin.

Discretos, os dois se mostravam distantes dos acontecimentos, embora soubessem interpretar como ninguém os textos. As vozes de Cid e Chapelin, graves e com dicção irretocável, não tinham competidores na TV. E seguiam fielmente os textos dos redatores.

Com o comando do diretor de jornalismo da emissora de Roberto Marinho, o jornalista Armando Nogueira, o telejornal da Globo, que completou 50 anos agora, foi modelo para o que surgiu depois na TV brasileira. Bandeirantes, Record e SBT procuraram imitar o estilo.

O jornalismo na TV aqui no Brasil seguiu assim até surgir Boris Casoy.

Nas sombras, Dácio Nitrini

Um repórter do jornal O Estado de S. Paulo, Marcos Wilson, escalado para fazer uma entrevista com Silvio Santos, impressionou o dono da televisão pelo tratamento respeitoso da reportagem.

Silvio comentou que, pela primeira vez, recebera um tratamento de “homem de negócios” e não o de um animador de auditório. E resolveu contratar Marcos Wilson para cuidar do jornalismo do SBT.

E Marcos Wilson convidou Boris Casoy para apresentar o Telejornal Brasil, principal noticiário transmitido às sete da noite.

Boris trabalhava na Folha de São Paulo, onde chegou a redator chefe. Havia trabalhado na rádio Eldorado, do Estadão, e tinha experiência de falar no microfone. Adorou o convite e aceitou na hora.

Ele não tinha a voz nem de Cid Moreira, nem de Sérgio Chapelin. Muito menos a elegância no vídeo exibida pelos dois locutores da Globo. Mas não era simplesmente um locutor, um ledor de notícias. Boris Casoy levou o jornalismo para a bancada. Comentava as notícias e mostrava entender do assunto que transmitia. E se aventurou a comentar. Seu bordão, “isso é uma vergonha”, passou a ser repetido por todo o país. Captou o sentimento de indignação de boa parcela da população.

Nasceu assim o jornalismo “pra valer” do SBT.

Mas havia alguém mais.

Era o editor executivo do telejornal, Dácio Nitrini. Ele desenhou o caminho percorrido pelo programa de notícias da televisão de Silvio Santos.

Dácio, dono de um irretocável texto jornalístico, tornou-se um autor talentoso e lançou na semana passada “Cásper Líbero – Jornalista que fez Escola”, um livro que recomendo. Obra que nenhum estudante de jornalismo pode deixar de ler. Tem a assinatura de um mestre.

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