Coluna Livre com Hermano Henning

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O repórter Fernando Martins, ex-Jovem Pan atualmente na Rede Brasil de TV, ficou assustado na semana passada ao cobrir o enterro de Gugu Liberato em São Paulo. Em pleno cemitério, um grupo de marginais conseguiu roubar dezenas de celulares das pessoas que lá estavam para homenagear o apresentador de TV.

A emissora colocou no ar o trabalho do repórter acompanhado de uma esclarecedora entrevista com um dos policiais, explicando como os ladrões agem. Nada mais fácil do que roubar celular, dizia o entrevistado, apontando as pessoas que portavam o aparelho para tirar fotos do enterro, transformado num evento importante na vida de cada uma delas.

Praticamente todo mundo portava um desses aparelhos para as fotos. E, muitas vezes, para fazer as conhecidas “selfies”.

No velório, na Assembleia Legislativa, o que mais se viu foram indivíduos se colocando próximo ao caixão do morto tirando as malditas fotos, notou o repórter, se perguntando: “o que leva uma pessoa a aparecer numa ‘selfie’ num momento como este”?

Há alguns anos esta cena simplesmente não existiria. Hoje, não há show de um cantor ou cantora onde a grande maioria no lugar de curtir, se mostra preocupada em fotografar e gravar. Ou casamento. Ou cerimônia de formatura… Todo mundo de celular em punho. Chato, não?

Ouvi, ou li em algum lugar, que há no Brasil, um número maior de celulares do que de gente. Verdade.

Conheço pessoas que andam com mais de um aparelho desses no bolso. Foi um dos produtos mais vendidos nesta última Black Friday. E os últimos lançamentos serão sucesso nos shoppings neste final de ano.

Voltando aos roubos, o policial explicava que os celulares são produtos fáceis de vender – há sempre alguém disposto a pagar duzentos, trezentos reais por um aparelho que, muitas vezes, é comprado nas lojas por mais de mil. É só trocar o chip e, quase sempre, a vítima nem dá queixa na Polícia. Tranquilo.

Chega-se facilmente à conclusão que roubar celular se transformou numa atividade econômica que mais cresce neste mundo não tão marginal do Brasil. Atividade altamente lucrativa segundo o policial entrevistado pelo meu amigo Fernando Martins.

“Tudo tem sua época”, diz o agente da polícia.

Eu concordo. Antigamente havia o batedor de carteira. Ele deu lugar ao arrombador de carros pra levar o rádio. Veio o trombadinha. Surgiu o arrastão. Agora a moda é roubar celular.

E exigir respeito desses marginais num enterro, como o de Gugu é perda de tempo. O marginal não escolhe ocasião nem lugar. Basta uma concentração de pessoas para ele agir. Nem que seja na porta do cemitério.

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