Coluna Livre com Hermano Henning

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Hélio Gaspari escreveu no Globo um primoroso artigo sobre essa decisão do Supremo Tribunal Federal, iniciada ontem com o voto dos ministros, sobre a prisão logo após condenação em segunda instância medida que prevaleceu até agora desde decisão tomada em 2016 pela própria corte.

Essa coluna começou a ser escrita no momento que o segundo ministro tinha acabado de declarar o voto depois do relator Marco Aurélio Mello. Marco Aurélio, com aquele conhecido jeito rebuscado, optou pela mudança da lei. Segundo ele, prender alguém, depois da condenação no segundo estágio do processo na Justiça, não pode valer.

Alexandre de Moraes, o segundo a votar, não concordou. Mas a expectativa era a de que seria derrotado.

Voltando ao Gaspari, o colunista do Globo e da Folha de São Paulo me leva a afirmar, com segurança, que tem o melhor e mais simples ponto de vista sobre essa história:

“Pelo andar da carruagem o Supremo Tribunal Federal derrubará a prisão das condenações numa segunda instância. Tradução: quem tem dinheiro para pagar advogados fica solto, quem não tem, rala”.

Lembrei-me do discurso da advogada que defendeu a mudança do instrumento que permite a prisão em segunda instância, a única mulher entre os dezenove advogados que fizeram o mesmo na sessão do Supremo na semana passada. Segundo ela, havia que se pensar nos “jovens da periferia” para tomar a decisão.

Nenhum dos advogados que foram no tribunal defender a mudança citou Lula.

O petista e seus companheiros condenados pela Lava Jato, também por corrupção, contaram com espertos e experientes profissionais em sua defesa. Todos criminalistas. Junto com eles, todo o peso da OAB, a Ordem dos Advogados do Brasil e outras associações da classe.

De fora, mesmo, só ficou o povo. Aquele que acreditou um dia que rico e poderoso pode também ir pra cadeia.

Jovem Pan

A rádio de São Paulo promoveu uma enquete entre seus ouvintes. Por telefone eles foram convidados a se manifestar: é a favor ou contra a prisão em segunda instância?

O resultado foi claro. Não ouvi um só cidadão dizer que era contrário à prisão nessas condições. Todos, sem exceção, defendendo a medida.

A explicação pode estar no cansaço com a impunidade. O povo, está claro, quer ver político corrupto na cadeia. Algo que só a Operação Lava Jato conseguiu até agora.

Essa reação popular parece ter sido entendida pelo próprio ex-presidente, preso em Curitiba. De sua cela, na Polícia Federal, ele já se manifestou: de lá só quer sair se for por uma anulação completa do julgamento que o levou a cadeia. Dispensa o presente do Supremo. Sabe das coisas.

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