Coluna Livre com Hermano Henning

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O advogado Jean Pierre Hermann de Moraes Barros, que exerceu as funções de prefeito de Guarulhos entre os anos de 1970 a 1974, contou a história num dos encontros que velhas figuras da cidade promovem mensalmente no restaurante Guaru Center. Não gosto do nome, mas os personagens que participam do costumeiro jantar são autodenominados “sobreviventes”.

Considero-me um dos mais novos. E já passei dos setenta. Diante disso, acho que há boas razões para o uso do nome. Fazer o que?

O fato aconteceu logo no primeiro ano da administração do interventor Jean Pierre. Ele conta que, convidado pelos diretores da Olivetti para um almoço na fábrica do Itapegica – ou seria bairro da Tranquilidade? – recebeu um daqueles pedidos que todo prefeito recebe. A reclamação era a de que estava difícil o tráfego de caminhões na entrada da fábrica pela má qualidade da pavimentação.

Antes de expor a reivindicação, os diretores da fábrica, multinacional italiana conhecida no mundo todo, fizeram questão de acompanhar o chefe do Executivo num passeio por todas as dependências da linha de montagem na unidade fabril. E chamaram atenção para o grande volume de máquinas de escrever ali fabricadas que eram exportadas para praticamente o mundo inteiro.

Eram pilhas e mais pilhas. Nas embalagens, a inscrição: Olivetti, Made in Brazil.

Pois bem. Ao receber o pedido para manutenção das ruas que davam acesso à fábrica, um belo edifício que depois se transformou no Shopping Internacional, Jean Pierre fez uma exigência: Mandaria asfaltar as ruas sim, mas a direção da empresa precisaria mudar as inscrições das embalagens.

Desse dia em diante, as máquinas de escrever produzidas no bairro de Itapegica passaram a ser recebidas nos Estados Unidos, Japão e países da Europa envoltas numa bela embalagem onde se lia: Olivetti – Made in Guarulhos, Brazil.

Preservação

A Olivetti ainda resistiria com sua fábrica em Guarulhos até os anos noventa. As máquinas de escrever, hoje, são objetos de museu, mas elas dominavam o mundo nos anos cinquenta quando o prédio foi erguido. Foi quando a empresa fundada pelo italiano Camillo Olivetti iniciou suas atividades aqui. 1957 pra ser exato.

Na adequação do shopping houve preocupação de preservar as características do projeto original. Principalmente o teto, admirado por quem passa pela Via Dutra e pela avenida Guarulhos.

Daquele prédio visitado por Jean Pierre nos anos setenta saíram 10 milhões de unidades. Muitas levando o nome de Guarulhos.

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