Centro Expandido… As novidades da luz elétrica

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O Centro Expandido são as edificações urbanas, que se acham além da parte considerada como Centro Histórico (atual praça Teresa Cristina e rua Dom Pedro II) e os bairros confrontantes com o bairro Centro: Vila Augusta, Gopoúva, Torres Tibagy, Picança, Maia, Macedo e mais os bairros circunvizinhos: Paraventi, Bom Clima, Cocaia, Bela Vista, Monte Carmelo, Fátima, e São Roque                      

O Centro Expandido começou a se formar ordenadamente, a partir de 1914. Antes do início do século XX existiam duas edificações históricas: o Cemitério dos Bexiguentos – século XVIII – destinado, exclusivamente, para sepultamentos de pessoa vítima da varíola. Esse cemitério foi demolido, provavelmente, no início do século XX e ficava onde se acha, atualmente, a Escola Estadual Capistrano de Abreu (ao lado da praça Getúlio Vargas). No final do século XIX, o Centro Expandido ganhou uma nova necrópole, destinada a brancos e negros, sendo o primeiro cemitério municipal (atual Cemitério São João Batista), que se acha na parte alta, fundos da Biblioteca Monteiro Lobato (construída sobre os escombros do antigo Cemitério da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário Mãe dos Homens Pretos), inaugurada em 1968. O grande impulso do Centro Expandido se deu inicialmente, com a chegada da luz elétrica, do Trem da Cantareira, com abertura da Via Dutra e a industrialização.                      

Em 1913, a Light exigiu e os vereadores, bem como o prefeito da época – Capitão Gabriel – concordaram com os termos do acordo proposto pela empresa multinacional canadense, de eletrificação e transporte sobre trilhos, bondes e trens. Assim foram criadas, oficialmente, as Sete Ruas Novas do Centro Expandido, todas interligadas, com o Centro Histórico. Veja trecho da ata       

 “A Câmara em sessão de hoje [15 de abril de 1913] aprovou as ruas abertas na parte alta do cemitério municipal [atual São João Batista] e também, uma que vae d’esta Vila [atual Rua d. Pedro II] ao mesmo cemitério [Rua Felício Marcondes] e outra que se chama rua Nova [possivelmente, atual Rua Cerqueira César] e uma para o lado dos fundos do cemitério [atual, rua João Gonçalves], todas ellas ficaram aprovadas com os nomes seguintes as dictas ruas, por indicação do senhor vereador Gabriel Antônio Machado: rua Felício Marcondes Munhoz [presidente da Câmara], rua Nova do Cinema, rua Felício Antônio Alves, rua Capitão Gabriel José Antônio [Prefeito], rua João Gonçalves de Almeida, rua Gabriel Antônio Machado e rua José Bebiano de Castro”.

Passados 34 dias da sessão da Câmara, no dia 19 de maio de 1913, foi aprovada a Lei número nº 14, que autorizava a Light Pawer a executar os serviços de iluminação pública no Município, por 30 anos. As atuais ruas, Luís Gama e 15 de Novembro, que também saem da rua Dom Pedro II, foram abertos em 1920 (Ranali, 1986, pg. 81).

De acordo com o Livro Tombo, da igreja Matriz, número I, a inauguração da luz elétrica pela companhia São Paulo Tramway, Light and Pawer ocorreu, dia 30 de maio de 1914, com marcha pelas ruas do centro de Guarulhos animada, pela banda Lyra, com a presença de populares, professores e políticos da cidade (Ranali, 1986, pg. 73). Depois da luz elétrica ocorreu, a primeira seção de cinema e a construção do primeiro sobrado de Guarulhos. A energia elétrica que chegava a Guarulhos, margeando os trilhos da estrada de ferro vinha do primeiro sistema paulista de geração de energia elétrica: Usina Hidrelétrica Parnaíba, rio Tietê inaugurada em 1901. Atual Barragem Edgard de Souza, antiga propriedade da Light.                   

A chegada do Trem da Cantareira intensifica a expansão urbana          

            A cidade de Guarulhos se formou, lentamente, no sentido leste-oeste, espremida entre duas barreiras naturais. Na parte norte, pelas as atuais serras da Cantareira, Bananal e Itaberaba. Na parte sul, pela extensa várzea do rio Tietê. Na época das águas, das chuvas e cheias dos rios Baquirivu Guaçu, Cabuçu e, principalmente, o Tietê era impossível chegar a cidade de São Paulo. Os guarulhenses ficavam ilhados do lado de cá, da várzea do rio Tietê.                        

Quando Guarulhos se tornou Município, em 24 de março de 1880, após 320 anos sendo um bairro da cidade de São Paulo, a primeira reivindicação popular registrada – em 28 de abril de 1881 – no Primeiro Livro de Atas da Câmara de Vereadores foi um pedido de uma via férrea, que interligasse Guarulhos a São Paulo, pela estação da Penha (zona leste da capital). Quando haviam passados 34 anos, em 1915 o Trem da Cantareira chegou a Guarulhos vindo pela zona norte de São Paulo. O acesso dos moradores e o escoamento da produção local (madeira, areia, tijolos, telhas, hortifrutigranjeiros) facilitou.     

A inauguração do ramal do Trem da Cantareira aconteceu dia quatro de fevereiro de 1915. A Estação Guarulhos e a Casa do Chefe da Estação foram construídas, no Sopé da Colina do Centro (antiga praça IV Centenário). Subindo pela rua da Estação (atual rua Cerqueira Cezar) chegava-se a rua Dom Pedro II (Centro Histórico, antiga Rua Direita). O Trem foi o empreendimento de maior impacto, em termos de mobilidade urbana, local e regional da época, facilitando a mobilidade dos guarulhenses e das cidades vizinhas: Mairiporã, Nazaré Paulista, Santa Isabel, Arujá, entre outras.                          

Partindo de Guarulhos chegava-se a zona norte de São Paulo, a Estação da Luz, ao Parque d. Pedro II, ao Centro de São Paulo, independentemente das condições climáticas. A partir da Estação da Luz, o viajante poderia ganhar o mundo: Porto de Santos, estados litorâneos brasileiros, Europa, Ásia, América. De 1915 a 1942, o Trem da Cantareira – ramal Guarulhos era movido a vapor (queima de lenha) e pertencia a companhia São Paulo Tramway, Light Pawer Company (multinacional canadense). Em 1942 foi implantada a Estação Cumbica, no terreno doado pela família Guinle a Base Aérea. Nessa época o sistema ferroviário passou a pertencer a Rede Ferroviária Sorocaba (RFS).                         

De Vila Galvão a Cumbica existiu seis estações e uma parada do trem: Estação Guarulhos, inaugurada dia 4 de fevereiro de 1915; Vila Galvão (antiga Cabussú), 24 de outubro de 1916; Vila Augusta, 1º de fevereiro de 1916. Nas décadas subseqüentes: Gopoúva, 1922 e Torres Tibagy, 24 de maio de 1931. Estação Cumbica, oficializada em 1945; Parada Sorocabanos, 1954. Ao logo dos trilhos e estações do trem, chamado de “Corredor” formou-se os bairros e dezenas de loteamentos, instalando-se as primeiras indústrias: Cerâmica Paulista (1911), Calçados e Polainas Saraceni (1919), Fiação e Tecelagem Carbonell (1923), Moinho Reísa, Microlite, entre outros empreendimentos, que entraram para a história da cidade: Hospital Padre Bento, Clube da Bolsa de Valores de São Paulo, Balneário Vila Galvão, Tecelagem Casimiras Adamastor, cinema da Vila Augusta e muito mais!

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