Causos e Causas: Olá, tudo bem?

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Nesta quarta-feira última, 10/07/2019, faleceu Paulo Henrique dos Santos Amorim, um dos mais expressivos jornalistas da atualidade, era um multimídia, apresentador de televisão, blogueiro, escrevia para diversos jornais e revistas do Brasil, com quase 60 anos de jornalismo trabalhava na Rede Record de Televisão desde 2003, mas se encontrava afastado da emissora, onde apresentava o programa Domingo Espetacular, desde o final de junho em razão de pressões políticas decorrentes de suas críticas ao atual governo federal, fato semelhante ao acontecido na Rede Bandeirantes de Televisão quando foi afastado do programa de entrevistas Fogo Cruzado a pedido do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a quem tecera duras críticas políticas.

Paulo Henrique Amorim ou PHA, era de objetividade impressionante, sabia pontuar a notícia mesmo em tom de brincadeira sem perder o senso crítico que o impulsionava a fazer um jornalismo sério e coerente com as convicções que conservou ao longo da vida profissional, convicções manifestadas que lhe renderam várias ações judiciais.

Polêmico, PHA, era contra a exigência de diploma universitário para o jornalista exercer a atividade, tendo afirmado que nas faculdades, geralmente privadas, só estudavam jornalismo mauricinhos, meninos e meninas de classe média, todos muito bonitinhos, arrumadinhos, bem vestidinhos, motivo pelo qual não se viam nas redações pobres e negros ou seus filhos, o que elitizava a profissão.

Apesar de ser reconhecido como excelente jornalista, sendo o primeiro correspondente internacional da Veja, em Nova York, em 1968, quando tinha apenas 25 anos, voltando a ocupar a mesma função nos anos 90, quando estava na Rede Globo de Televisão, acabou estigmatizado por ser um jornalista de esquerda diante de sua proximidade com o ex-presidente Lula, quando então passou a tecer críticas á sua antiga empregadora, a Rede Globo, a quem se referia juntamente com outros órgãos de imprensa como PIG  (Partido da Imprensa Golpista), o que fez despontar sua fama entre os partidos de esquerda e parte da imprensa nacional que o queriam longe de suas atividades.

Em que pese as inúmeras desavenças colecionadas ao longo da vida, que vão desde o jornalista Diogo Mainard, passando por políticos como José Serra, para se chegar no Ministro Gilmar Mendes, a verdade é que Paulo Henrique Amorim não tinha papas na língua e não precisava de muitos motivos para começar uma boa discussão, bastava que opinião alheia contrariasse suas manifestações, quando então partia abertamente para a briga, num verdadeiro “fogo cruzado” de informações e debates qualificados, sem “conversa fiada”, sem qualquer receio no confronto e das consequências.

E aí, tudo bem? Não. Este não era o momento de perder um grande profissional, um valioso guerreiro da democracia, que não se acovardava em opinar e informar mesmo sabendo do custo que enfrentaria com suas manifestações, mesmo sabendo que a política se revela e atua nos bastidores, bem atrás das cortinas da verdade popular.

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