Uma equipe de pesquisadoras do Laboratório de Bacteriologia e do Centro de Desenvolvimento de Anticorpos do Butantan desenvolveu dois testes rápidos para diagnóstico de leptospirose, um de detecção pela urina e outro pelo sangue. Ambos os testes oferecem resultados em até 25 minutos, enquanto nos testes padrão o resultado confirmatório da doença pode demorar dias. As duas pesquisas já têm patentes concedidas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), órgão atrelado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do Governo Federal.
Cada teste permite detectar a doença em momentos distintos – o primeiro, pela urina, no início da infecção; o segundo, pelo sangue, quando a bactéria já se espalhou. Isso pode ser determinante no acesso mais ágil ou em tempo hábil ao tratamento, levando em conta que a leptospirose pode causar a morte em até 40% dos casos graves, segundo o Ministério da Saúde.
Atualmente, o diagnóstico da doença é feito somente em laboratórios de referência e depende de cultura bacteriana, com resultado que pode demorar de 15 a 30 dias para ser conclusivo. A demora decorre da necessidade de análise de uma segunda amostra de sangue do paciente.
Os testes rápidos permitem obter um resultado entre 20 e 25 minutos. O feito com urina usa o método de quimioluminescência (emissão de luz durante uma reação química) e o com sangue é uma análise imunocromatográfica (identificação da doença por associação a anticorpos), semelhante ao teste rápido de Covid-19.
“O diagnóstico da leptospirose é complexo do ponto de vista clínico porque os sintomas se confundem com doenças febris como malária, dengue e febre amarela. Se tivermos um teste rápido, simples e eficiente, conseguimos tratar principalmente os que evoluem de forma grave”, afirma a pesquisadora científica, atualmente do Núcleo de Produção de Vacinas Bacterianas do Butantan, Patricia Aniz, que coordenou o desenvolvimento dos dois testes.