A primeira missa e o último abraço

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José Augusto Pinheiro, 57, é jornalista guarulhense, apresentador de eventos sociais e corporativos, palestrante e orador da Academia Guarulhense de Letras.

Na última imagem que me vem à memória, meu pai está de braços abertos na pequena sala de apartamento na vila Galvão, aguardando a minha chegada para caloroso abraço. O melhor do mundo! Se eu soubesse que seria o derradeiro, eu teria ficado ali, captando a boa energia dele para sempre!. Mas eu não poderia saber…

Paulo foi o nome a ele atribuído em 25 de janeiro de 1928. Tradição da época, as famílias adotavam o santo do dia para escolher o prenome do rebento. Consta na História do Cristianismo, que foi nessa data que o então doutor das leis mosaicas, Saulo de Tarso, caiu do cavalo na estrada de Damasco ao encontrar-se com Jesus, tempos depois da crucificação do Redentor. A Luz era tão intensa, que Saulo ficou cego por três dias e três noites. Deu tempo para refletir como jamais fizera antes…

Saulo mudou de vida e de nome (Paulo, o pequenino). Em sua homenagem, a missa inaugural na Igreja da Sé foi realizada em 25/01/1554, dando origem à primeira Vila localizada fora do litoral brasileiro. São Vicente já existia havia 22 anos. Para homenagear os nossos antepassados que fundaram a capital do Estado, Rosana e eu empreendemos passeio pela hoje megalópole no dia do seu 466º. aniversário.

Nós tomamos o metrô na Parada Inglesa e fomos até o Museu de Arte Sacra, localizado na avenida Tiradentes. De lá, partimos para a estação Vergueiro. Caminhando com alegria e gratidão, nós passamos em frente à Beneficência Portuguesa, onde ocorreu possivelmente o maior milagre em nossa família. Sempre em frente, chegamos à mais paulista das avenidas, e fomos ‘curtir’ a programação da Bandnews FM, diretamente do estúdio avançado localizado na Casa das Rosas.
Depois do almoço no Shopping Paulista, nós fomos visitar a querida tia Maria Rizzoli. Trata-se de mulher de fibra, que há muitos anos vive em seu leito – sem direito de ir e vir, em virtude de seriíssimos problemas na coluna vertebral. A tia não se lamenta; pelo contrário, serve de modelo de resignação, resiliência e amor à vida para todos que se dispõem a abraçá-la. Razões para amarguras essa viúva teria em profusão. Mas ela agradece alegremente, enquanto saboreia uma torta de maçã do McDonald’s.

Revigorados pela energia positiva da titia, Rosana – a minha eterna namorada – ofereceu-me a sua mão direita. E assim, de braços dados, nós prosseguimos a nossa jornada pela ci dade, até chegarmos ao Sesc Santana. Vida que segue…

Em tempo – O meu abraço espiritual para Lusia Gomes dos Santos, que concluiu com dignidade  a sua nobre missão terrena no primeiro dia de fevereiro.

Olho: Tradição da época, as famílias adotavam o santo do dia para escolher o prenome do rebento.

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