Coluna Livre com Hermano Henning

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Um dos dois editoriais que a Folha de S. Paulo publicou em sua edição desta terça-feira expõe um problema que interessa a Guarulhos. Sob o título de “Novela Rodoviária”, cita a “acidentada construção” do último trecho que resta para completar a obra que pretende dar a São Paulo seu Rodoanel.

Com ele viria finalmente o prometido desafogo previsto com o desvio do tráfego pesado das áreas urbanas e densamente povoadas para o entorno da cidade com a ligação entre as rodovias.

Os caminhões, principalmente eles, poderiam, com o Rodoanel, seguir de uma rodovia para outra sem sufocar as marginais e outras vias já saturadas. Menos trânsito, menos poluição para o centro urbano.

As grandes cidades do mundo encararam este problema e todas elas já o resolveram com seus rodoanéis.

Em Guarulhos

Só faltam os 44 km do trecho norte. Justamente o que passa por aqui. E o que acontece?

A obra está parada. E com muito dinheiro enterrado ali.

A Folha diz que “os anos passam, as previsões de conclusão se alongam, e as despesas explodem, numa daquelas típicas e deploráveis demonstrações de incompetência do poder público em zelar pelos prazos anunciados e pelo dinheiro do contribuinte”.

O governo do senhor João Doria informou que para retomar as obras vai precisar de oitocentos a um bilhão de reais. Esperava-se gastar, no trecho, 4,3 bilhões, segundo orçamento. Já foram torrados 6,85 bilhões.

Segundo a Folha, não será surpresa se este custo total chegar a 10 bilhões de reais.

O editorial fala muito em dificuldades para atravessar uma área de mata atlântica da serra da Cantareira com a necessidade de construir viadutos que chegam a vinte metros de altura. Isso até, em certo sentido, pode justificar os imprevistos. Mas não tanto.

Investigações da Lava Jato, só neste setor do Rodoanel, apontaram desvios de 625 milhões de reais, informa o editorial da Folha.

É bem-vinda a denúncia do jornal.

Mas seria bom acrescentar os problemas de quem vive na vizinhança das obras. O estrago nas vias públicas provocado pelos caminhões das empreiteiras é um deles.

As ruas esburacadas estão lá. Avenida Martin Junior, Estrada do Elenco, ruas da região do Taboão que não foram feitas para suportar tráfego pesado. E o termo de ajuste (TAC) assinado com o governo Doria que não está sendo cumprido?

Outro problema: a invasão dos espaços abertos na mata, área de preservação dentro do território de Guarulhos.

As obras estão lá, abandonadas. Com as vias abertas, entra quem quer. E toma posse.

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