55 anos do Golpe Militar: Assassinatos e intervenção federal a prefeito marcam história em Guarulhos

Brasil, Rio de Janeiro, RJ. 31/03/1964. Tanque do exército pára próximo à casa do presidente deposto, João Goulart, nas Laranjeiras. O Golpe de 64 submeteu o Brasil a uma ditadura militar que durou até 1985. - Crédito:ARQUIVO/ESTADÃO CONTEÚDO/AE/Codigo imagem:17897
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Lucy Tamborino              

O Golpe Militar deixou marca na história de vários municípios do Brasil e em Guarulhos não seria diferente.  Assassinatos, perseguições e intervenção federal a prefeito marcam história da cidade na época.

Intervenção Federal

Eleito em 1970 como prefeito, Alfredo Antônio Nader (MDB), partido da oposição dos militares, sofreu uma intervenção federal no mesmo ano através do decreto de 11 de junho. No seu lugar assumiu o interventor Jean Pierre Hermann de Morais Barros simpatizante da Ditadura Militar, que neste domingo (31) completa 55 anos desde a derrubada do presidente João Goulart.

Segundo o historiador Elton Soares, a época Nader realizou uma reforma em uma escola com caráter emergencial, sem licitação, porém foi acusado de corrupção. “Na conclusão do processo foi anistiado. Ele conseguiu provar era inocente”, explica.

Na época os cidadãos de Guarulhos foram impedidos de se reunir para reuniões de sindicatos e associações de moradores que eram perseguidos e vigiados, a cidade ainda tinha um agravante: a Base Aérea de São Paulo.

“O órgão que fazia a repressão e controlava as pessoas era a Base Aérea de São Paulo. Guarulhos tem a sede da base área onde os presos políticos eram recolhidos e a partir de toda investigação era mandado para as localidades adequadas pelo tipo de crime que a pessoa supostamente tinha cometido”, pontua Soares.

Perseguições e Assassinatos

O presidente do Sindicato dos Condutores de Guarulhos e cobrador de ônibus, Izídio Cabral de Jesus foi morto em 1966. Em Comissão da Verdade, instaurada na Câmara de Guarulhos, o filho Marcos Cabral de Jesus, contou que o pai foi assassinado com um tiro no ouvido e no registro de óbito consta suicídio. Segundo Jesus, a história contada para a família é que o pai teria feito uma espécie de roleta russa e tirado a própria vida pouco depois de chegar ao sindicato.

Ainda na cidade ocorreu o assassinato com 12 tiros do suposto criminoso Antônio de Souza Campos, o Nego Sete, como era conhecido na Vila Fátima. Segundo Soares, isso motivou o julgamento do delegado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), Sérgio Paranhos Fleury, e uma equipe de 14 policiais que integravam o esquadrão da morte. Na época o Padre Geraldo Mauzerol teve papel decisivo no julgamento, pois ele fotografou a ação do delegado Fleury na morte de Nego Sete.

Já o Professor Laercio Barros dos Santos, que lecionava no colégio Claretiano situado atrás da igreja Matriz foi preso pelo regime militar por dar aulas consideradas subversivas com temas de “qual o papel jovem do mundo”, “o mundo de hoje”, entre outros. “Ele cumpriu pena do Presidio Tiradentes”, explica Soares. Santos provavelmente foi torturado para que de fato confessasse o “crime”, conforme consta em relatório da Comissão da Verdade.

Na época do regime ainda oito presos foram retirados, sem qualquer formalidade legal, do Recolhimento Tiradentes (Casa de Detenção) e da carceragem do Departamento de Investigação Criminal (Deic) e executados.

Imagem: Arquivo/Estadão

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