Cerca de 4,25 milhões de famílias brasileiras
sobreviveram no mês de agosto apenas com a renda do auxílio emergencial de R$
600, segundo um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
A fatia de domicílios exclusivamente dependentes
do auxílio em agosto foi de 6,2% entre todos os existentes no País, mas superou
os 10% em alguns Estados do Norte e Nordeste. No Piauí, 13,75% das famílias
sobreviveram exclusivamente com a renda do auxílio emergencial. Na Bahia,
13,61% dos lares só contaram com a renda emergencial no orçamento.
Em agosto, os trabalhadores ocupados ainda
recebiam apenas 89,4% dos rendimentos habituais. No entanto, o pagamento do
auxílio mais do que compensou essa perda, segundo os cálculos do Ipea, que têm
como base os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid-19
(Pnad Covid), apurada pelo IBGE.
Somando o recebimento do auxílio à renda do
trabalho, a renda domiciliar média no País aumentou em mais de 3% em relação ao
que seria recebido apenas com os rendimentos habituais dos trabalhadores
ocupados. O impacto foi maior entre os domicílios de renda muito baixa: o
recebimento do auxílio em agosto fez a renda efetiva ser 32% maior que o
habitual.
O Ipea aponta que, caso todos os domicílios
contemplados pelo socorro em agosto tivessem recebido apenas a metade do valor
pago – o que ocorrerá com a redução para R$ 300 no valor do auxílio a partir de
setembro -, a renda domiciliar média teria sido 5,3% menor do que o recebido no
mês. Entre as famílias de renda muito baixa, a renda cairia quase 20%, embora
ainda fosse 6% maior que o habitual.
Segundo o estudo, a renda proveniente do auxílio
superou em 41% a perda da massa salarial do trabalho em agosto. A massa
salarial efetiva totalizou R$ 172,31 bilhões, R$ 20,36 bilhões aquém dos R$
192,67 bilhões habitualmente recebidos. De acordo com a Pnad Covid-19, os
rendimentos provenientes do auxílio emergencial somaram R$ 28,7 bilhões em
agosto, ou seja, cerca de R$ 8,34 bilhões a mais que a renda efetiva perdida
pelos trabalhadores no mês.
“O papel do auxílio emergencial na
compensação da renda perdida em virtude da pandemia foi proporcionalmente maior
do que no mês anterior”, afirmou o pesquisador Sandro Sacchet, autor do
estudo do Ipea, em nota.
Residual
Começa amanhã o pagamento da primeira parcela da
extensão do auxílio emergencial, que vem sendo chamado de residual, conforme
calendário divulgado em edição extra do Diário Oficial da União na
segunda-feira. Segundo o Ministério da Cidadania, 27 milhões de pessoas
receberão R$ 300 ou R$ 600 (no caso de mães solteiras). O calendário de
pagamento continuará seguindo o mês de nascimento dos beneficiários.
4,2 milhões de famílias vivem só com o auxílio
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